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DEPUTADA EVANGÉLICA QUER INTERVIR NO PROJETO DA ESCOLA
Ricardo Santos

O jornal, ''O Correio Brasiliense'', deu uma notícia nesta terça (5/7), que merece atenção e reflexão de toda a sociedade brasileira. O tema é preocupante e merece maiores discussões entre os diversos atores envolvidos com os rumos da educação no país. É por isso que estou perplexo e indignado.

Resumidamente, o texto, da jornalista Helena Mader, diz: Em junho, um professor de ensino médio, de uma escola em Ceilândia, Brasília, deu um trabalho em grupo aos seus alunos, em que deveriam debater temas relacionados à homofobia. Após receber reclamações sobre o trabalho, o gabinete da deputada Sandra Faraj (Solidariedade), que é evangélica, enviou um ofício à direção da unidade escolar pedindo ''esclarecimentos'' e ''providências legais cabíveis''.

Por sua vez, essa intervenção, indevida, provocou indignação entre os profissionais de ensino. Para o Sindicato dos Professores, o oficio tem por objetivo intimidar e constranger os profissionais de ensino. O Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (DF) publicou nota de repúdio ao ato. É bom dizer a verdade, a intenção da parlamentar é uma só: o pior de tudo é tentar impedir e interferir no papel da escola. Lembro que não é crime discutir, no espaço escolar, gênero e orientação sexual. Afinal de contas, somos um povo cuja formação histórica é híbrida. Somos mestiços. Todo mundo com dois neurônios sabe que não se combate preconceitos, de qualquer natureza, proibindo a discussão ou criminalizando.

Lamentavelmente essa atitude merece repúdio de toda sociedade brasileira. Na realidade, um deputado federal tem muito mais o que fazer. Suas atribuições pela Lei Maior: fiscalizar atos do Executivo, legislar, propor leis, discutir o orçamento da União... Outra coisa, nosso Congresso Nacional é um dos piores de nossa história republicana. Além de conservador, boa parte dele está envolvido num atoleiro de corrupção e propina. São muitas as denúncias que cabe a Lava Jato investigar. Por fim, essa atitude parece piada. Soa muito mais oportunismo demagógico e puro estrabismo.

O raciocínio é muito simples: num país com tantos problemas, ninguém pode negar que tem muita coisa errada. Então, fica claro que é pura demagogia pressionar e impedir o trabalho que é desenvolvido na escola. Tem mais, vivemos num estado leigo. Logo, não cabe esse tipo interferência no projeto pedagógico. Não é essa sua função. A lógica é muito clara, ainda mais, num país com tantas carências e tão debilitado culturalmente.

De outro lado, é fato que a escola cumpre o seu papel. Não há nenhuma transgressão que justifique essa intromissão. A verdade: o espaço educacional é um ambiente de criação de projetos inclusivos. Lya Luft tem razão quando diz que a educação só tem um sentido quando envolve o pensar, o questionar e a reflexão das coisas. Em uma palavra: o espaço educacional, se destina ao aprendizado a e construção de novas ideias. Isso envolve cidadania e o respeito à diversidade.

POLÊMICAS - Não é a primeira vez que Sandra se envolve em temas espinhosos. Ela coleciona polêmicas. Em 2015, segundo o site de notícias Metrópoles, ela foi acusada de assédio moral. ''Evangélica atuante, a parlamentar foi acusada de forçar ex-funcionários da Administração Regional do Lago Norte, que chefiou entre 2013 e 2014, a frequentarem cultos da religião dela. Segundo denúncias de ex-subordinados, ela teria impedido que eles usassem símbolos de crenças diferentes à dela no trabalho e até exonerado comissionados de outras religiões. É uma história mesmo de arrepiar, que a distrital nega veementemente. Mas, em vez de se explicar, ela tem fugido dos depoimentos feito o diabo da cruz.''

Em sua defesa, a deputada nega o assédio moral e diz que é vítima de perseguição. Tem mais polêmica. Ela é autora de um projeto a Lei da Mordaça – PL 01/2015 – que prevê, no Distrito Federal, mordaça aos professores. Vale lembrar que num dos artigos, do PL 01/2015, diz que o corpo docente não deve, por exemplo, incentivar os alunos a participarem de manifestações, atos públicos e passeatas.

O que mais chama atenção é que a Lei da Mordaça quer impedir e proibir que os educadores, em aula, discutam com seus alunos temas relevantes da atualidade da política. Ocorre que o mundo e o Brasil vivem um momento de grandes mudanças e transformações muitas rápidas.

Portanto, é papel da escola pensar e discutir a realidade contemporânea. Ou seja, brasileira e mundial. E principalmente refletir sobre ética na política e nas relações do cotidiano. E tem mais ainda, o diálogo entre pais e filhos é fundamental. Resultado: é preciso deixar de lado o falso moralismo.

Por fim vale dizer que política deve ser discutida sim em aula e faz parte das ações humanas. Tem mais, todo e qualquer ato humano é política. Logo, está claro que isso é parte do ofício de quem ensina. É por meio de uma educação de qualidade que se pode garantir aos estudantes o acesso a uma cidadania plena. Mesmo assim, infelizmente é fato que há quem prefira a escuridão à luz. Uma frase esclarece bem essa relação: ''O conhecimento serve a si mesmo: é um passaporte que garante acesso ao diálogo do mundo.''

Referências
http://www.cutbrasilia.org.br/site/pls-criminalizam-magisterio-e-instituem-cadeia-para-professores/
http://www.sinprodf.org.br/projeto-da-mordaca-de-sandra-faraj-quer-reviver-tempos-da-ditadura-2/
http://www.metropoles.com/distrito-federal/investigada-por-assedio-moral-deputada-sandra-faraj-apresenta-atestados-para-nao-depor
http://www.sinprodf.org.br/wp-content/uploads/2015/04/pl-escola-sem-partido.pdf (PL 01/2015)
http://quidnovi.com.br/coluna-do-mino/sadra-faraj-o-peso-da-justica-na-injustica-crista/
http://www.cl.df.gov.br/ultimas-noticias/-/asset_publisher/IT0h/content/projeto-da-escola-sem-partido-sera-debatido-hoje;jsessionid=61B26B7B231FC96B24338334B1BFF9FF.liferay2?redirect=http%3A%2F%2Fwww.cl.df.gov.br%2F


Biografia:
Sou professor de História.
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