A escravidão humana existe há muito... Neste século 21, a mídia vem denunciando inúmeros casos de trabalho escravo em todo o mundo. Até mesmo no Brasil. Aliás, essa é uma luta permanente que exige a participação de todos. De outro lado, qualquer forma de escravidão é humilhante para os seres humanos.
No século 16, ante suas necessidades capitalistas, as coroas ibéricas, Portugal e Espanha, deram início ao sequestro de africanos para suas colônias da América. Esse comércio é o que chamamos de tráfico negreiro. Cerca de 10 milhões de cativos foram trazidos para a América. Para o Brasil, 5 milhões. O objetivo dos portugueses era suprir o problema de mão-de-obra. Entre nós, a escravidão durou 388 anos. O pior de tudo é que a liberdade veio, tardiamente, com a Lei Áurea de 1888.
Pois bem, os ex-escravos não foram indenizados. Foram abandonados... Na realidade, isso explica, em parte, porque o negro forma o seguimento mais pobre da sociedade. Por outro lado, a herança da escravidão e o racismo permaneceram... Isso ocorre, no dia a dia, pela reprodução das relações de desigualdade e a falsa ideia de superioridade dos brancos. É preciso abrir os olhos para a realidade dos fatos, vivemos num país que predomina a desigualdade social entre negros e os demais segmentos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a violência policial contra o negro é duas vezes maior que em brancos. Ou seja, é preciso abrir os olhos para essa dura e terrível verdade.
Mesmo com a Lei Áurea as coisas não mudaram... O racismo permanece. São muitos os casos de preconceito no Brasil e no mundo. Explico com exemplos: Tinga (Cruzeiro), Arouca (Santos) e Daniel Alves (Barça), que são ocorrências mais recentes nos estádios de futebol. O fato é que esses tristes episódios não são banais. Como se viu, o Brasil tem uma imensa dívida social com os negros. Por isso, as cotas são necessárias por um tempo. Aliás, argumentos contrários a essa dura realidade não se sustentam, principalmente, quando analisamos o processo histórico, que não pode ser desprezado. A verdade é uma só: o fato é que temos dificuldade para conviver com as diferenças étnicas e culturais.
Trocando em miúdos: sem o respeito às diferenças não é possível existir uma sociedade democrática, justa, pacífica e igualitária. Enfim, somos o país das desigualdades. É absurdo imaginar que, neste século, ainda, perdure a discriminação cultural e religiosa contra os negros. Isso tem de mudar. Um detalhe importante a ser ressaltado: a abolição foi um longo processo de luta, incansável, de negros, de abolicionistas, de simpatizantes e da Inglaterra, que pressionou o governo brasileiro com a Lei Bill Aberdeen de 1845.
(14/5)
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