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No Egito antigo os faraós acreditavam que sua vida não cessaria após a morte. Do lado de lá, eles continuariam reinando. Sua mumificação seria a garantia de uma vida eterna e do usufruto de seus bens. Prova disto, foi um enorme barco encontrado enterrado debaixo da pirâmide de um faraó.
Apesar de estarmos tratando de uma época que remonta há mais de 5 mil anos atrás, acredito que estes sentimentos ainda nos dias de hoje dominam a mente de muitos seres humanos e revelam simplesmente a dificuldade e o inconformismo diante do reconhecimento daquilo que pra nós é a única certeza na vida, a morte.
A doutrina espírita por exemplo denota de forma cabal este imenso desejo de que, de alguma forma, a despeito de estarmos presente nas mentes e nas memórias dos que aqui ficaram, estaremos presentes vendo, ouvindo sentindo e auxiliando nossos parentes vivos. Apareceremos nos sonhos de nossos filhos e assim voltaremos mesmo que seja por alguns segundos à vida. Esta doutrina não é nada desprezível pois muitos milhões de pessoas em todo o mundo são seguidores de Alan Kardeck e de nosso saudoso Chico Xavier.
Mas fazendo uma curva de 180° típica de um bipolar, vamos analisar rapidamente uma das teorias de Sigmund Freud. Através de seus estudos Freud determinou a existência do ID do EGO e do Superego. Apesar do ID que sendo nosso mais profundo sentimento de desejo não reconhecer a realidade objetiva como as Leis, a ética e as organizações sociais, e ser fortemente reprimido pelo Superego que nada mais é do que o componente moral e social que nos permeia através da nossa formação psicossocial e da convivência em grupos, o Ego faz parte de nosso consciente e está relacionado as nossa memórias nossos sentimentos e pensamentos atuando como um moderador entre o ID e o superego.
Portanto enquanto o ID é a mais pura radicalização de nossas ações e emoções, o superego é a mais potente alienação a qual estamos todos propensos com a moralização, a repressão aos nossos instintos mais fundamentais e de nossos medos, inclusive os patológicos. O ego portanto, passa a ser o componente mais equilibrado de nossa psique, ou não.
Na sociedade atual costumamos nos referir ao Ego exacerbado como uma pessoa ou entidade cujo mais essencial sentimento está relacionado a valorização do seu próprio desejo e de suas mais íntimas aflições. O egocêntrico só fala sobre si próprio. A incapacidade de olhar para o outro torna as pessoas ao seu redor meros coadjuvantes cujos ouvidos estarão a disposição de suas opiniões, desejos e problemas. Sem qualquer direito a réplica. Possivelmente o leitor deve ter se lembrado de alguém que conhece.
Os principais exemplos de egocentrismo podem ser encontrados na Mídia, nos salões de cabelereiros, nas reuniões em geral e na política. Políticos egocêntricos tendem a responsabilizar suas derrotas a terceiros, mesmo que estes terceiros sejam o próprio destino. Inconformados com a sua capacidade de errar e não ser tão belo quanto imaginava, o político egocêntrico tende a se sentir ultrajado e ressentido com qualquer derrota.
O egocentrismo está presente também no político corrupto. Para este, sua principal prioridade é oferecer uma vida digna para seus vários filhos, sua esposa, suas amantes e seus parentes em geral. Muito mais importante do que qualificar suas atitudes como mau feitos, é com certeza minimizar ao máximo a possibilidade de ser pego portanto não é por falta e superego. Seu ego é o beneficiário primeiro e essencial do banquete oferecido a ele por tantos bens materiais altruisticamente doados aos seus. Isto logicamente tem um motivo. São milhares e milhares de votos dados por seus eleitores em função de tantas melhorias como hospitais pontes e avenidas que logicamente levarão o nome de suas avós.
Se ego ferido sangrasse, Brasília seria o maior hemocentro da América Latina. A união umbilical entre ego e política é comprovada em todos os setores do congresso. Acredito que a opulência dos políticos com diversos assessores, salários pra lá de generosos, além das tão providenciais verbas suplementares, confirmam os comentários dos pobres coitados que despretensiosamente param em frente as bancas de jornais: São um monte de Marajás. Isto logicamente para que eu não ser processado. Mas quando o ego encontra uma possibilidade de ascensão vale tudo. Até carta de marido traído.
Pessoas com o ego extremamente grande correm sérios riscos. Risco de ficar isolado, de serem destituídos de seu cargo como, diga-se de passagem, já aconteceu no Brasil ou de ficarem indefinidamente presos por criarem concorrência com setores com o ego ainda maior. Além disso pessoas com o ego a toda prova e que se julgam arautos das leis e dos bons costumes podem se obrigados por conta de não conseguir dividir espaço com seu ego, a se auto destituir de seus cargos como também já aconteceu.
A desesperança do povo para com a classe política é tão grande e crescente que poucos políticos tem consciência de sua dimensão. Em vez de aprovar logo o ajuste fiscal independentemente do impeachment e tenho certeza que as pessoas não se importariam em pagar 0,3% de sua movimentação financeira desde que o País voltasse a andar, os políticos fazem fila para discutir o sexo dos anjos e de quebra assassinar o português nas tribunas da câmara e do senado. Nada mais contra producente. A abstenção do voto que hoje já beira os 30% possivelmente se ampliará cada vez mais e nossos desavisados políticos só se darão conta do estrago quando finalmente o povo unido enterrar um transatlântico de luxo embaixo do congresso nacional.
Samuellisboa02@gmail.com
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