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Na janela, a floreira.
Gladyston costa

A floreira na janela logo cedo é visitada, primeiro vem o sol com sua luz perpendicular espremida entre as paredes. Alcança de início o telhado e depois desce lentamente até o chão do quintal e em pouco tempo esvai. No meio do caminho a jardineira, lá alguns cravos brilham alegremente com a luz morna, ficam até mais perfumados. Cheiro de limão. Há quem as chamam de cravo-de-defunto. Pura maldade, pois são flores cheias de vida, suaves e de personalidade marcante, tal alcunha não lhes diz respeito. Melhor chama-los de flor-de-jupter, da Índia, da África, ou de Tagetes mesmo. O amarelo é lindíssimo, mas aquelas com pétalas cor de laranja ou vermelha também o são!

Com o sol, não demora muito vêm também abelhinhas miúdas e graciosas, voam pulando de cravo em cravo. São indígenas sem ferrão, mandaçaias de barriga preto e amarelo e jataí cor de caramelo.

Voa mandaçaia
Voa jataí
De cravo em cravo
Lambe o néctar
Colhe o pólen
E voa!
Semeia, semeia.

Como trabalham, vão e voltam por toda a manhã. Na hora do almoço ainda estão lá e pouco antes do anoitecer vão embora. Talvez não vá longe, o ninho deve estar em algum buraco no muro do quintal ou, quem sabe, no oco da tipuana no passeio.

Cheios de vida e beleza, os cravos e as abelhas seguem alheios à confusão do mundo lá fora, o ruído dos carros na avenida não lhes tira a sina, firmes seguem existindo em meio às torres de concreto que cercam o quintal.

Gladyston Costa



Biografia:
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