Nesta época, quando as luzes de Natal incendeiam a noite e piscam incandescentes para nós;
Quando os sons, risos, vozes e ritmos se misturam nas praças, becos e ninhos;
Quando a realidade abre uma brecha para a magia, o sonho e a realização, posto que provisórios;
Quando os otimistas exercitam a esperança na vida, na morte e na pós-morte, sobretudo naquela;
Quando passado e história não passam de jogos de memorização; contar mentiras (“tell tales”, diz a canção) descontrai; e virar gente grande significa tocar as estrelas;
Quando, enfim... Eu aprendi a lição de que fantasia e imaginação, em tese, se equivalem. Isso tem confundido até os precavidos!
Mesmo nos momentos mais sérios ou solenes, eu não consigo deixar de ser literário ou filosófico. Ou pretensioso. Devo isso também a você?
Eu, a duras penas, aprendi o sentido de bem-estar e estar bem, de capturar certo e duvidoso, de ritmar fraco e fracassado, de invadir os livros sem levantar suspeita ou poeira!
Eu, tão pequeno, diante de tantas lições. Daí o risco de saltar do singular pro plural... Que vale o poema, cheio de si, ante o pôr do sol? Que vale a palavra, embora mágica, perante o caminhão de chineses?
Lições mais lições. Que pode o carinho, mestra, diante da fome do agora? Que pode o espírito, Enelita de Sousa Freitas, em face do automóvel? Que pode, com todo respeito, o discípulo perante a mestra?
Neste momento, quando a melhor política, em vez do contra-ataque, é a rendição presumida; quando as melhores lições se sucumbem à autoajuda; quando oposição e situação dão as mãos no escurinho das assembleias!
Nesta hora, com certeza, à mestra com uns versinhos (o carinho segue nas entrelinhas): “Letras, números e pontos de intersecção / Canecas transbordando sede de aprender / A hora do recreio torna-se pura diversão / Com lápis de cor dá-se um jeito no futuro / Na escolinha do prazer (saber? poder?) / O amor jamais fica em cima do muro”.
[Extraído do livro “Crônicas teixeirenses”, 2011]
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