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Perdoar quarenta vezes
Como diz o ditado “o nerd´s de hoje é o homem rico de amanhã”. Primeiro para quem não sabe a palavra “nerd´s” é uma pessoa que é capaz de saber tudo, até mesmo mais do que um professor. Mas, será que esse ditado é verdadeiro? Pois pra quem pensa que o “nerd´s” será sempre o filinho da mamãe está totalmente enganado…
Escola Galhiego, chamada pela população da região de a pior escola que já se pode imaginar, mas as pessoas de fora da escola acham que apenas existem alunos péssimos lá, porém, isso não é realmente verdade.
Tudo que é ruim neste mundo tem um lado bom para ser descoberto, por isso alguns alunos de Galhiego também são ótimos, alunos que orgulham tanto os professores que chegam a fazer cair algumas lágrimas de orgulho.
Um desses alunos saía da escola no horário do meio dia e vinte, enquanto os outros alunos de sua classe faziam brincadeiras ruins com ele como jogar bolinhas de papel em sua cabeça e ficar gozando dele. O jovem saía correndo acreditando que essa rotina poderia se acabar algum dia, mesmo sendo por bem ou até mesmo por mal.
Seu nome era Willian, o aluno mais humilhado da escola pelos outros alunos que não o perdoavam deixando-o sendo humilhado até a última gota apenas por ser o garoto mais estudioso da sala e por pensarem que ele era o filinho da mamãe.
O seu pensamento tinha apenas um sentimento fixado, o ódio e o gosto de ter uma vingança contra os outros alunos que durasse para sempre. Toda vez que chegava a sua casa e depois que dizia para sua mãe como foi sua escola, ia para o seu quarto, sentava-se em sua cama e ficava cada minuto pensando na humilhação que os alunos faziam na escola.
Essa era a sua rotina do dia-a-dia, saía da escola sendo humilhado, chegava à sua casa, de lá entrava em seu quarto e pensava em um plano para obter sua vingança.
Na escola havia uma garota que para Willian era muito especial, cujo seu nome era Daiane. Seu olhar encantava o jovem e retirava todos os seus pensamentos ruins sobre os bagunceiros. Ela era a garota dos seus sonhos, pois nenhuma garota lhe chamou a atenção desde quando ele a conheceu na 1° série, e esse já era o último ano da escola enquanto ele nunca teve coragem de se apresentar pra ela.
Mas uma manhã se passou e acontecia a mesma coisa com o coitado do garoto. Desde a primeira série, Willian pensava como iria chegar a Daiane e se apresentar, porém naquele dia ele criou coragem…
Estava na hora da saída e ela se encaminhava com suas jovens amigas para o ponto de ônibus enquanto ele a observava. Depois de um minuto ele tirou seus pés de onde estava e foi ao ponto de ônibus lentamente, seu coração acelerava-se bem rapidamente a cada segundo e a cada passo que ele dava chegando perto dela.
Mas, quando chegou perto dela viu que ela já havia percebido sua presença, por isso seu corpo paralisou rapidamente, não conseguia mover um músculo, principalmente o da boca, e tudo que tinha na sua mente se apagou espontaneamente.
John, um dos alunos que mais humilhava Willian, observava a atitude do jovem com seus outros amigos, e quando ele paralisou-se à frente de Daiane, John não parou de dar gargalhadas junto com os outros!
Willian olhou para eles, com olhar de tristeza profunda, e John disse a ele:
— Tente ensaiar primeiro sua fala! — Ria como uma hiena sarnenta!
O jovem ficou tão deprimido que virou as costas e saiu correndo para sua casa soltando sua tristeza pro mundo a fora e dizendo repentinamente:
— Eles ainda vão pagar por isso. Guardem-nos minhas palavras!
Quando chegou a sua casa, reparou que havia uma coisa faltando lá, a própria mãe cujo nome era Mona e na vila onde eles moravam a chamavamela de Sra. Mona. Ela não estava lá!
Então, o Willian não pensou duas vezes antes de fazer o que ele tinha em mente desde quando foi humilhado pelos alunos. Deixou sua bolsa no sofá maior da sala e foi até o porão mesmo sem tirar os sapatos. Desceu as escadas e ,quando chegou lá embaixo seus olhos se fixaram em uma coisa apenas, na inchada de seu velho pai, já morto, que se encontrava ao lado da carriola velha e enferrujada.
Suas mãos partiram automaticamente rumo à inchada como se fosse uma máquina de pegar coisas e bem moderna. Depois que a pegou foi até a porta que lavava até o jardim do quintal da casa.
Já lá fora, começou a cavar um buraco num lugar onde havia apenas grama e o buraco tinha a forma retangular um pouco maior do que Willian.
Estava com uma fúria inevitável! Cavou bravamente como se tivesse tempo para cavar um determinado tamanho de buraco naquele espaço. Cavou como se estivesse correndo de várias pessoas em que ele devia dinheiro pra elas, mas naquele caso corria contra o tempo e para que sua mãe não chegasse.
Mas, quando acabava de cavar, percebeu que o buraco estava totalmente oco. Desconfiando de que havia alguma coisa escondida lá bateu fortemente com a inchada e… do silêncio um estralo surgiu. Seguido de uma rachadura que fez o chão de terra se quebrar, revelando um objeto maravilhoso para os pensamentos de Willian!…
Era um baú! Seus olhos brilharam como nunca havia brilhado antes e suas mãos pegaram o objeto rapidamente.
Mas estava trancado, o que fez o jovem não pensar duas vezes, pegando a inchada e batendo-a contra o baú para quebrar o cadeado de prata que havia.
Rapidamente, depois de quebrar, abriu o objeto e uma luz forte surgiu por entre os seus olhos dando uma reação de se proteger, por isso Willian fechou-o novamente!
Esperou mais alguns segundos até sua vista ficar normalizada e abriu novamente o baú vendo que lá dentro havia várias pedrinhas transparentes que não paravam de brilhar!
— Não pode ser verdade! —Disse o jovem para si mesmo impressionado. — É uma mina de diamantes!
Sua felicidade subiu no auge e ele pegava as pedras jogando-as pro alto! Estava ele totalmente rico!
Sra. Mona havia chegado e ouviu o filho gritando, por isso ela entrou em desespero, pois pensou que Willian estava em perigo.
Desceu até o porão e de lá foi para o jardim vendo o filho com vários diamantes na mão, por isso ela não agüentou e caiu em desmaio.
Depois de alguns minutos ela acordou e viu seu filho olhando pra ela com um sorriso em seu rosto.
— Filho? — Chamou ela.
— Sim, mãe. — Respondeu Willian com prazer maior do que a humilhação que o cercava.
— Estamos ricos ou aquela imagem que eu tinha visto foi tudo impressão minha?
— A senhora não está enganada, mãe. Estamos mais ricos que o presidente dos Estados Unidos!
Depois de alguns dias eles chegaram a uma agência de banco especialista nisso e definitivamente ficaram ricos e famosos por saírem em todos os jornais: “Menino da periferia encontra baú com diamantes e fica trilhonário!” E assim por diante em todos os jornais do Brasil inteiro!
Passaram-se vários anos e Willian já se encontrava com uma mansão e era um dos homens mais ricos do mundo enquanto havia usado apenas duas ou três pedrinhas de mais de cinquenta que havia dentro do baú escondido agora por eles.
O mais impressionante era que os alunos que humilhavam ele no passado trabalhavam pra ele como mordomos ou motoristas.
Um dia, uma pessoa bem familiar foi vê-lo em sua casa, era Daiane. E quando Willian abriu a porta seus olhos mudaram de aparência silenciosamente, ouviu-se uma voz triste e arrependida:
— Me perdoa!
As portas se fecharam lentamente e logo depois Willian voltou a fazer o que lhe ocupava naquele momento.
Depois de algumas semanas ela voltou novamente batendo em sua porta e o silêncio voltava entre aqueles olhares fixados:
— Me perdoa!
Lágrimas escorriam pelo rosto da jovem mulher que se arrependia totalmente pelas humilhações que dava a Willian no passado.
Mas ele fechou a porta novamente. Virou as costas e partiu embora retornando a fazer o que lhe cabia no momento.
Quatro meses se passaram desta vez enquanto sua mente não saia dos olhos tristes de Daiane. Mas ao mesmo tempo pensava ele nas palavras de sua sábia mãe que havia morrido:
“Os outros vão querer se aproximar de você apenas por ter a sua riqueza”
Foram as ultimas palavras que ela disse antes de morrer nos braços do filho.
Mais um dia se passou e ele não resistiu deixando de fazer o que fazia todo dia e indo até a casa de Daiane. Estava chovendo e Willian saiu a pé correndo se molhando todo.
Quando chegou ela o atendeu e se assustou, pois estava encharcado e molhando o tapete.
— Entre. — Disse a jovem ainda triste.
Willian pisou seu pé direito dentro da casa e de repente a abraçou com força dando-lhe um beijo na boca!
— Finalmente você descobriu que eu estava amando-o de verdade! Desde o dia em que você ficou paralisado em minha frente eu percebi que sentia algo diferente por você.
— Eu aprendi uma lição. Por mais que sejamos ofendidos ou humilhados, sempre temos que perdoar a quem nos ofendeu, até mesmo amando.
Mais um beijo ele deu enquanto a porta se fechava…
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