Animais dão-se as mãos nas campinas
Verdes que se espraiam olhar afora
Vozes que flutuam em zumbidos longínquos
Homens se agrupam na prática eufórica
Quando eles chegam de mansinho
Deixam os pastos repousar
Deitam as arestas de seu sono
E dormem em flores a vicejar
Humanos acendem fogueiras
Perpetuam fogos e álcool a selar
Vitórias que chegam com os arreios
Ferramentas que lá vão provar
No dia da desova das paixões
Animais afastam-se em vão
Agitam-se desesperados na rotina
Da brasa que lhe cede a alma ferina
Homens violentam seus bordões
Gritam, rudes na faina da brasa
Riem, na luta da guerra à vida
A morte que chega sem saída
Animais caem ao relento
Esbaforidos, sedentos e sofridos
Olhares perdidos nas vagas madrugadas
que anseiam, mas que nada
se sonham, nem sabem decifrar
A morte é certa, a berrar
a brasa ardente escaldando as carnes
o sangue transbordado na terra ferida
Homens dão as mãos nas campinas
Cantam canções de vitórias e gritos de guerra
Vibram pelo sangue que mediram
nos serenos da terra gripada
Animais fracos, mortos em vida
na luta do rodeio desonesto
onde o forte esquece o fraco no labirinto
e a vida se perde no sangue derramado
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