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A HIDROGINÁSTICA E A SELEÇÃO MUSICAL. INFORTÚNIOS.
Gilson Borges Corrêa

Resumo:
Nem sempre a seleção musical que embala os exercícios da hidroginástica agradam a todos, principalmente quando são organizadas pelo padrão do senso comum.
ao velho o que é de velho.???

Às vezes, fico me perguntando por que as pessoas tem a mania de achar que alguns grupos são imbecis. Já explico. Falo dos grupos de jovens, de adultos, da terceira idade (expressão que abomino, mas enfim “minima de malis”). Em geral, os responsáveis por certos grupos costumam emparedá-los, esta é a palavra certa, no mesmo padrão unificado e mumificado de suas mentes deturpadas. Por exemplo, me considero na idade adulta, ainda não cheguei à terceira por pura cronometria, e não teria a menor dificuldade em pertencer ao grupo. No entanto, as pessoas que lideram os grupos, no caso da hidroginástica que participo têm lá suas ideias preconcebidas do que é adulto mais passado no tempo, ou seja, idoso, velho.

Gosto de música, adoro vários gêneros, sou eclético, nada hermético ou metido a conhecedor de vasto repertório musical. Por outro lado, curto mpb, como Djavan, Chico naturalmente, Gal Costa, Leci Brandão, Gilberto Gil, Raul Seixas, Zizi Possi, Rita Lee, Céu, Marina de La Riva, Aline Calixto, Buena Vista Social Club, Maria Rita, Gadu, Diogo Nogueira, Amy Winehouse, Johnny Mathis, Burt Bachara, Giogliola Cinquenti, Toquinho, Vinicius, Sarah Vaugan, Nando reis, Maria Bethania, Ivan Lins, Elis Regina, Tom Jobim, Maysa, Quarteto em Cy, The Beatles, Armandinho, a maioria dos temas de filmes orquestrados de várias décadas até “Charade” de Gary Hughes a “...e o vento levou”. Então, não tenho frescura pra música. Gosto das clássicas que me emocionam e das populares que também tocam fundo na alma.
De todo modo, voltando aos organizadores da seleção musical da hidroginástica, volto a afirmar que desconhecem o gosto musical dos frequentadores ou pelo menos, padronizam todos no senso comum. E qual é o senso comum? É a idade de uma época musical passada, com algum movimento, algumas alegorias que permitam aos pretensos alunos absorverem calados e taciturnos, mergulhados na depressão de épocas passadas. Por exemplo, jogam suas teorias na piscina e as mergulham nos ouvidos de todos, entupindo de sons esquizofrênicos, as tais propaladas músicas da jovem guarda. Um movimento alienado, que se vendeu para a ditatura, para vender discos e camuflar as musicas de protestos, exaltando o Brasil com a condição de amá-lo ou deixa-lo, o Brasil que ia pra frente, atrás da seleção brasileira e das obras monumentais como a transamazônica (a destruidora do médio ambiente, dos índios, a desbravadora do nada que não foi a lugar nenhum). Pois é, essas são as músicas inspiradoras que embalam os pobres alunos da hidroginástica e o pior é que alguns gostam. Que fazer, há que se compreender a alienação cultural e política ou mesmo o mau gosto musical. Então, vai “deixa essa boneca, faça-me o favor, deixa isso tudo e vem brincar de amor”, ou doce, “doce amor, onde tens andado, diga por favor”; em seguida: “meu calhambeque, bi,bi”. Bi, bi, eu tenho vontade de apitar, mas com uma vuvuzela bem estrondosa! Mas fico ali, tentando me organizar nos movimentos, e procurando não ouvir, muito menos decorar qualquer papagaiada que surja! Depois dessa bordoada emocional, vem outra, com a letra mais rasa que já se ouviu: “Bruno e Marrone”, com o seu “guarda e a praça”. Aí se exacerba sertanejo universitário e o os olhinhos molhados da piscina brilham intensamente. Então, eu me pergunto, quando que estes sertanejos universitários vão se formar? Pois será quando irão embora, pra sempre! Finito!
Pra completar, vêm as marchinhas: “mamãe eu quero”, “a pipa do vovô”, “jardineira”. Será que eles pensam que vai baixar o espírito da Carmem Miranda distribuindo bananas (para acalmar as câimbras) e balangandãs aos alunos?
Um dia desses, respirei fundo, expirei todos os sertanejos e marchinhas de minha circulação e reclamei. Perguntei ao professor por que não colocavam um Armandinho, um Nando Reis ou até uma batida qualquer, só pra gente alongar as canelas. Ele me olhou de um modo estranho, meio aturdido. Acho que ficou refletindo duas noites sem parar. Noutro dia, ligou a rádio, e deu semente, semente, semente... Eu curti, os outros ficaram tontos. Mas eu prometo pra mim mesmo, vou levar Armandinho e sugerir “Ó minha maconha”

Ó minha maconha, Minha torcida, Minha querida, Minha galera, Minha cachoeira, Minha menina, Minha flamenga, Minha capoeira, Ó minha menina, Minha querida, Minha galera,
Ó minha maloca, Minha larica, Minha cachaça, Minha cadeira, Minha vagabunda, Minha vida,
Minha lambengue, Minha ladeira, Ó minha menina, Minha querida, Minha valéria,
Minha torcida, Minha flamenga, Minha cadeira, Pó,pó,pó,pó... Ó minha maconha, Minha torcida, Minha querida, Minha galera, Minha vagabunda, Minha lambengue, Minha beleza,
Minha capoeira, Ó minha menina, Minha querida, Minha valéria, Minha torcida, Minha flamenga, Minha cadeira, Ó minha maconha...

Não é excelente pra se fazer todos os movimentos na piscina?
Mas se censurarem, coloquem “Morena de angola”, do Chico, que é bem balançada.
Garanto que preferem “Mulheres de Atenas”...
(Infortúnio! – como diz a Funéria.)


Biografia:
Bibliotecário e escritor. Literatura é respirar com sofreguidão a vida, nutrindo-a de sentido.
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