A senhora Mirla estava andando pelo corredor quando avistou Teddy sentado num banco de cabeça baixa.
- Ah, você tá aí... - ela falou se chegando mais perto. - Por acaso você não viu Elisabeth?
Ele virou o corpo para ela incomodado por lhe quebrar o seu silêncio. Ela estranhou o seu comportamento.
- O que houve, hein?
- Nada! - murmurou ele de má vontade.
- Você está... chorando? - admirou ela, notando que sua voz estava emocionada.
- Isso não é da sua conta! - e saiu aos pulos.
Mirla balançou a cabeça com pena do garoto, e suspirou triste.
- Você quer ver aonde fabrica os ovos de chocolate? - sugeriu Medd.
Elisabeth deu pulos de alegria e na hora aceitou.
- Mas claro que sim! Vamos logo então... - puxou ele pelo braço.
- Calma, teremos que ir escondidos... pois lá não é permitido a entrada de crianças como nós.
- E como vamos conseguir, então?
- Não se preocupe Elisabeth, o que não falta aqui é passagem secreta e eu conheço muitas delas! - animou a ela.
Ele levou Elisabeth para o lugar mais fantástico de tudo que havia ali.
Medd se escondeu atrás de um balcão e verificou a área, não tinha ninguém por perto e fez sinal para a amiga se aproximar.
- Nossa precisamos fazer isso? - perguntou ela achando aquilo um exagero.
- Não podemos ser visto por ninguém! E isso é bem excitante, ir escondido... - sorriu e pulou para frente, e deslizou no piso liso até seu corpinho se esconder debaixo de uma fileira de armários embutidos na parede.
Elisabeth olhou para os lados e correu em disparada e se enfiou para baixo no esconderijo.
- Medd? Você tá aí? - sussurrou ela entre as sombras. Ela viu que havia um buraco e nele se perdia. Ela se arrastou para dentro do buraco imaginando que Medd tivesse entrado por ali.
Elisabeth sentia cãibra nos braços e nas pernas e a respiração ali era muito abafada.
Ela avistou a luz no fim daquele túnel e um silêncio eterno do lado de fora. Ela esforçou e botou a cabeça insegura pra fora e espiou o local novo. Ali era uma sala com várias estantes na parede e no teto e nas prateleiras caixas com diversos ovos de chocolate embrulhados em papéis luminosos de lindas cores...
Ela tirou o resto do corpo do túnel e saiu debaixo de uma prateleira. Ficou em pé fascinada com a maravilha a sua frente, lados e a no alto. Medd estava numa prateleira bem lá no alto e ria.
- Está paralisada?
- Isso... isso é... - ela não tinha palavras para descrever o que sentia naquele momento.
- Vamos, Elisabeth... aqui não é o lugar mais fantástico, por incrível que pareça! - ele saltou de lá de cima e desceu se segurando numa cortina.
- Onde estamos? - a indagou, e Medd respondeu.
- No depósito. Aqui é o lugar onde os ovos de Páscoa são guardados quando estão prontos.
Medd pegou pela mão de Elisabeth e começou andar pelo corredor.
- Será que não tem ninguém de vigia? - ficou insegura. Medd despreocupou-a.
- Há essa hora não... aqui é um depósito de alta segurança... ninguém passa pela porta de aço!
Mas nós estamos aqui e eles nem imaginam! - riu.
Eles viraram à esquerda e pararam de frente a balcão. Uma coelha estava sentada atrás dele e olhava atentamente para os dois coelhinhos. Elisabeth engoliu em seco, surpresa por ter sido flagrada. Medd caminhou até o balcão e sentou nele, e a coelha nem deu importância.
- Medd... você é louco, não acha melhor nós irmos embora daqui antes que ela chame a segurança? - sussurrou para a coelha não notar. A coelha piscou e virou a cabeça automaticamente na direção de Medd.
- Bom dia. O que deseja? - disse a voz eletrônica do robô.
- Ela é um robô, Elisabeth. Foi uma invenção de um coelho cientista que tentou substituir os coelhos de verdade pelos os coelhos mecânicos.
Elisabeth ficou mais aliviada, e se aproximou.
- Mas parece de verdade.
Medd concordou.
- Parece sim, mas não sei por que eles mantiveram isso aqui... - comentou confuso.
- Vai ver quiseram experimentá-la como vigia. Eu tomei um susto quando a vi aí.
Medd pulou no chão e sorriu.
- Bem, não vamos ficar aqui parados. Venha comigo! - ele saiu aos pulos e Elisabeth o seguiu. Pararam numa imensa porta de aço.
- Não me diga que teremos que abrir isso?
- Ela abre sozinha quando o código é acionado, e eu sei o código! - ele chegou perto de um painel eletrônico ao lado da porta e digitou uns números bem rápidos. A luz vermelha piscou e a porta começou a abrir bem lentamente. Medd espiou o salão e fez sinal para a amiga sair. Ele digitou os mesmos números no painel do lado de fora e a porta fechou.
Eles correram até uma porta oval e ao chegar perto dela ela se inclinou para trás, deixando uma meia entrada. Eles deslizaram para dentro. Elisabeth se perguntava até quando chegaria, mas no momento seguinte sentiu o ar morno e ao olhar para cima viu uma neblina de fumaça marrom com cheiro de chocolate seguindo por tubulação.
- Essa fumaça vai direto para a chaminé principal e enche o céu lá de fora com um cheiro melhor! - explicou Medd. - Agora, por trás daquela porta se encontra o que estamos ansiosos para ver.
Elisabeth seguiu atrás em passos leves. Estava com o coração a mil por horas! Medd girou a maçaneta da porta de madeira bem detalhada com símbolos estranhos e com uma placa que lia-se:
Bem vindo ao chocolate
A porta se afastou e girou, atravessando a parede e Medd puxou o braço de Elisabeth para dentro antes da porta girar do lado de fora e se fechar atrás deles. Era uma porta mágica.
- Chocante... - comentou ela surpresa, enquanto olhava um imenso saguão com uma plataforma. Nessa plataforma elevava-se um pedestal que descia para o andar de baixo. Elisabeth correu até ela, e se apoiou na grade que circulava o pedestal em cima da plataforma. Ela olhou para baixo e lá havia muitos coelhos adultos, mexendo potes enormes que cozinhavam chocolate. O cheiro que subia para cima era de puro fascínio. Fileiras de coelhas traziam cestas com muitas cenouras e depositavam nos caldeirões.
- Veja! Cenouras e chocolate! - anunciou Medd para a surpresa da coelhinha.
- Mas não é de cacau que se faz chocolate?
- O professor Pascoal inventou chocolate com cenouras... é uma delícia! E faz bem para a pele, deixando mais bonito quem come e remove cravos e espinhas dos rostos!
Elisabeth viu os coelhos erguerem as mãos num momento.
- O que vão fazer? - se preocupou.
- Não se preocupe, e observe... - pediu ele. Elisabeth viu os coelhos iniciar uns movimentos sincronizados de uma dança, e umas coelhas começaram a bater palma e deslizar para os lados. Os coelhos estavam em perfeita harmonia, e a música rolou em alegria:
Chocolates
com
cenouras
é uma coisa
muito boa...
Que delícia
é mexer
o chocolate até derreter
e fazer
brigadeiro
para
a criança
comer o ano inteiro!
Você vai ver
tudo ficar marrom bombom!
Os coelhos gritaram juntos um “ROOOOH!” e dos caldeirões explodiram bombas de fumaça marrom para cima e umas chuvas de bombons voaram para todos os lados. Elisabeth pegou uns e rapidamente enfiou na boca. Adorou o sabor do bombom com cenouras!
- Veja! Estão chegando os chocoelhos! - falou Medd apontando para uma turma de coelhos bem engraçados, de aventais bem coloridos e chapéus de cozinheiro. Eles vinham correndo numa mesma ordem e pulavam um atrás dos outros em saltos. Os tais chocoelhos metiam enormes colheres de pau e tiravam a massa de chocolate e jogavam numa enorme mesa redonda e amassavam. A massa foi reunida num só monte e os chocoelhos foram se retirando aos pulos.
- Eles já vão embora?
- Eles voltam depois, Elisabeth... agora a massa tem que ser refinada. Olhe só.
A mesa redonda começou a girar e girava bem rápido. O chocolate começou a voar para os lados e as coelhas aparavam-nos em suas formas, e cada uma começava a fazer seus ovos de páscoa.
- Os chocoelhos estão voltando com as cestas cheios de bombons! - avisou Medd.
As coelhas colocavam bombons embrulhados em papéis luminosos dentro de uma parte do ovo e depois fechava com a outra parte, e passava para os chocoelhos que embrulhavam os ovos. Depois colocavam na cesta e os outros coelhos levavam a cesta para o pedestal. Prendiam as cestas nos ganchos e subia alavanca. O pedestal trabalhava subindo as cestas lotadas de ovos de chocolates para o andar de cima que era aberto, e Medd olhou para Elisabeth.
- Vamos pegar um e zarpar!
Quando a cesta chegou, Medd agarrou um e saiu com Elisabeth pela porta mágica, e correram alegres até a porta do cofre. Medd digitou a senha e entrou com ela, e fecharam a porta pesada.
Elisabeth recebeu uma parte do chocolate e devorou como nunca.
- É delicioso!... e com cenoura é sublime!
Medd já acabava com sua parte e devorava alguns bombons. Ele escutou uns passos se aproximando, e puxou Elisabeth para trás do balcão, e a coelha robô cumprimentou os visitantes que se aproximavam onde estavam escondidos os dois coelhinhos.
- Bom dia. O que desejam?
A coelha Mirla olhou para os lados.
- Tem certeza que eles andaram por aqui, Teddy?
Elisabeth olhou para Medd sem saber o que estava acontecendo.
- Tenho sim. Só existe essa entrada para chegar aqui sem ter que passar pelo corredor e abrir a porta do lado de fora – informou a voz de Teddy. Medd sussurrou indignado.
- Porque ele contou sobre a nossa entrada secreta?...
Do lado de fora, o professor Pascoal chegava cansado.
- Porque vocês não me esperaram, hein?
- Você demorou muito tempo para passar por aquele túnel... - respondeu Mirla. - E agora que você finalmente chegou podemos procurá-los!
- Mas claro que sim! Não é bom mantermos essa garotinha mais nenhum segundo aqui nesse castelo... ela pode descobrir coisas que não devemos nunca contar!
- Que coisas são essas, professor Pascoal? - perguntou Teddy.
- Não posso falar...
- Eu não vou contar para Elisabeth! Eu quero que ela vá embora daqui, se não eu não tinha lhe informado essa entrada secreta que eu e Medd usamos, não é? - irritou Teddy. Elisabeth ficou espantada com o que Teddy pretendia.
A senhora Mirla deu de ombro e avisou.
- Não conte para o seu irmão... ele não sabe ficar de boca fechada.
Medd já ia protestar, mas Elisabeth tampou sua boca.
O professor tirou sua cartola rosa da cabeça e começou a esfregá-la de nervosismo.
- Bem... é uma história longa e complicada... vocês, isso é, você e Medd ainda não tinham nascidos...
- Conte logo, professor! - apressou à senhora Mirla querendo ganhar tempo. Teddy olhava fixamente para o balcão.
- Bem, aconteceu que há 9 anos atrás houve uma terrível tragédia envolvendo nossa comunidade com a família Taylor.
- Família Taylor? - perguntou Teddy confuso.
- É a família de Elisabeth – informou Mirla.
- Sim... A família da menina... eles sabem da nossa existência... - dizia o professor todo triste. - O líder da comunidade dos coelhos mágicos pediu autorização ao pai do atual fazendeiro senhor Taylor para que fosse instalado um castelo do nosso povo dentro da montanha. Ele aceitou e formamos um acordo com ele. O bisavô de Elisabeth nunca podia revelar onde era o nosso esconderijo a ninguém e em troca lhe dávamos um pote de ouro do nosso tesouro central...
- Mas porque o líder da comunidade dos coelhos não procurou outro lugar?
Mirla respondeu.
- Porque aqui tem magia... essa terra tem poderes e nós coelhos podemos trabalhar melhor do que numa outra terra comum... - Elisabeth abriu a boca junto com Medd.
- ...então desde aquele tempo vivemos unido a esse acordo com a geração da família Taylor...
Mas o avô de Elisabeth não aceitou mais que pagássemos pelo espaço que utilizamos na sua fazenda, e deixou-nos livres... Então nosso povo começou achar que os humanos eram bons como o senhor Ronaldo Taylor e muitos deles deixaram nosso esconderijo e começaram a morar perto da grande casa. A filha do sr. Taylor era uma garota muito bondosa e rápido descobriu que podíamos nos comunicar, e passou a saber onde ficava o nosso castelo...
Teddy escutava com atenção, mas era no balcão que o silêncio e emoção dominavam. Elisabeth estava a ponto de descobrir segredos terríveis.
A senhora Mirla prosseguiu com a restante da história.
- Alguns anos depois o senhor Taylor contratou a senhora Claudete para trabalhar na fazenda, três anos depois a mãe de Elisabeth faleceu, e Claudete passou a cuidar da criança e foi aí que começamos a ser descobertos e caçados por ela. Claudete é uma espiã e está na casa grande para investigar a vida do senhor Taylor e convencê-lo a vender a fazenda para o senhor Ramiro Azevedo... - disse ela esse nome como se fosse um nome ruim de pronunciar.
- Quem é esse senhor Ramiro? - indagou Teddy.
- Ele é dono de uma fábrica de chocolate na cidade e está querendo comprar a fazenda para descobrir onde fica o nosso castelo. Ele sempre desconfiou que a gente existia... e foi por minha culpa que eles soube da nossa existência... - e começou a se emocionar. Mirla foi até ele e consolou-o.
- Não se culpe isso foi inevitável... o senhor não teve culpa de nada.
Teddy queria ouvir tudo e principalmente que alguém soubesse de toda a história antes de partir.
- ...então desde esse dia Ramiro vem sonhando em conquistar o nosso castelo e possuir a coisa que ele mais deseja nessa vida: A receita secreta do ovo de Páscoa que só nós coelhos mágicos sabemos.
Teddy compreendeu.
- Ele quer a receita para poder fazer chocolate melhor do que se fabricam na fábrica dele?
- Ele acha que quando tiver a minha receita secreta vai se tornar o rei do chocolate, e vai vender mais ainda! Para ele o chocolate deve ser vendido e não dado de graça.
- Mas nós só fazemos chocolate uma vez por ano... e ele faz o ano todo!
- Sim, Teddy... - disse Mirla. - Mas acontece que o senhor Ramiro não quer ficar para trás, ele quer somente ser o dono de tudo.
- Mas e o que aconteceu com Elisa, a mãe de Elisabeth afinal?
- Ela se apaixonou, eu acho, por um rapaz que morava por aqui por perto... e ela contou sobre a gente a ele.
- Ele acreditou?
- Só quando viu um de nós... e fui eu que apareci a ele, por causa de um favor que eu devia a Elisa.
- E o que aconteceu depois disso?
Mirla suspirou fundo.
- Bem... passara meses depois e Elisa engravidou de Richard, e o senhor Ronaldo Taylor soube e ordenou que ele nunca mais aparecesse na vida deles. Mas Richard não aceitou e disse que ia se casar com Elisa. O pai de Elisa odiava Richard, mas não sei por que razão, e para ver a filha longe dele pediu que a gente interferisse no namoro entre eles.
Elisabeth ficou espantada.
- Vocês separaram Elisa e Richard?
- Não... não aceitamos esse acordo, e ele acusou a gente de ter apoiado o namoro deles. Um dia o Sr. Taylor brigou feio com Richard e Elisa viu o namorado ir embora... e ela tentou ir atrás dele e se perdeu no bosque, já que era bem noite naquele dia... e ela encontrou um coelho da nossa comunidade que ia para o castelo. O coelho levou ela para o castelo, já que ela estava bastante cansada para retornar a sua casa. - Teddy prestava atenção e Elisabeth ia imaginando tudo em sua mente o que aconteceu com sua mãe e seu pai. - Então Elisa chegou ao nosso castelo e encontrou um outro coelho... um coelho que fez uma coisa horrível!
- Que coisa horrível? - ficou arrepiado.
O professor Pascoal tirou os óculos e começou a limpar as lentes com a ponta da sua gravata e revelou.
- Ele era um cientista e fez aquele coelho robô... - e Teddy viu a coelha mecânica atrás do balcão. - mas isso era outra loucura que ele tentou realizar, substituir nós coelhos de verdade pela tecnologia emprestada dos humanos.
- Então qual foi à outra coisa horrível que ele fez professor?
- Ele ficou muito irritado quando o diretor não aceitou a proposta dele e ele fez um chocolate envenenado.
Eles ficaram chocados. Medd quase gritou e Teddy gaguejou.
- Ele... ele fez um chocolate envenenado?
Mirla encerrou a história numa profunda dor.
- Ele viu Elisa no castelo e sabia que ela era filha do dono da fazenda e ofereceu o chocolate a ela. Elisa comeu e sentiu uma dor terrível e a gente vimos o coelho louco rindo de maldade, dizendo o que fizera.
A gente levou Elisa às pressas à casa do Sr. Taylor e informamos a situação. Ele desesperado levou ela até o hospital e ela ficou internada... - contava bem devagar, como se fosse ruim de lembrar aquele tempo negro. - Então Claudete encontrou Richard. Ela comentou que Elisa havia pedido que ele me encontrasse no bosque, e ele foi rápido sem saber o porquê e como ia me encontrar, mas era mentira dela e nunca mais vimos Richard.
Aquilo ultrapassou o coração de Elisabeth.
- Ela mentiu por quê?
- Acredito que ela fez isso porque o senhor Taylor queria que Richard nunca mais voltasse.
E ele nunca chegou a ver Elisa dando a luz de sua filha e morrer em seguida, abraçando Elisabeth Lisle pela primeira e última vez...
O professor assuava o nariz num lenço e dizia muito fraco.
- É por isso que Elisabeth não pode saber que sua mãe morreu por culpa da gente... e o senhor Taylor nunca mais quis que a gente aparecesse novamente. Mas até hoje ele continua fiel enquanto ao nosso acordo que iniciamos com seu pai, há anos atrás...
Elisabeth estava chorando e Medd abraçou-a.
- Sinto muito, muito mesmo... oh!
Elisabeth sentiu uma raiva sem igual pelo coelho que matou sua mãe... pelo seu avô que não aceitou seu pai... por Claudete ter feito seu pai desaparecer. Sentiu tomada por um ódio que era capaz de matar. Ela deu um salto para fora e caiu no meio dos outros coelhos que ficaram pasmados com repentina aparição dela. Teddy encarava Elisabeth sem saber o que falar. Medd apontou a cabeça por cima do balcão com medo da situação.
- OH!.. - surpreendeu o professor adivinhando tarde demais o que havia acontecido. - Vocês estavam escondidos atrás do balcão?!
Mirla desconfiou de Teddy.
- Você sabia o tempo todo, não é Teddy? - Elisabeth chorava sem dizer nada, mas olhou para o amigo esperando ouvir a verdade.
- Sim... eu sabia que ela e Medd estavam escondido no balcão... - respondeu bem triste.
- Porque você fez isso, garoto?! - berrou o professor sem acreditar no que ouvia.
Elisabeth então falou.
- Você queria que eu soubesse antes de ir, não é? Achou que depois disso eu nunca mais ia querer voltar...
Teddy virou para o lado e ela abaixou a cabeça mais triste ainda.
- Mas Teddy... - falou Medd sem entender. - Porque você quer que Elisabeth nunca mais volte? Você gosta tanto dela!
- EU NÃO GOSTO MAIS! - gritou Teddy e todos ficaram assustados.
Elisabeth chorou e saiu aos pulos dali.
- Menina, espere! - gritou o professor Pascoal indo atrás dela, mas Elisabeth pulava mais depressa e entrou pelo túnel secreto. O professor tentou entrar, mas acabou ficando atolado na entrada. - Fiquei preso novamente!
Medd e a senhora Mirla tentaram puxar o professor pelas pernas, mas não estavam conseguindo.
Teddy não ajudou e bem triste saiu aos pulos pelos corredores do depósito.
Elisabeth estava desesperada e muito magoada, e só queria sair daquele lugar. Ouvira coisas que ainda a fazia tremer de medo e não compreendia porque Teddy não queria ser mais seu amigo, e ela estava gostando tanto daqueles coelhos e do castelo da Páscoa... Agora entendia porque seu avô não queria que ela comesse chocolate, tinha medo de que acontecesse o mesmo que Elisa, sua filha.
Mas ela comeu e não morreu. O coelho responsável pela morte de sua mãe não estava mais ali, e talvez tivesse já morrido.
Elisabeth derrapou quando virou à direita e passou aos pulos ao lado do diretor rabugento que reclamava com uns dois coelhinhos.
- Você! Volte aqui agora mesmo! - mas ele ficou esperando de pé, e os coelhinhos deram risada.
Elisabeth chegou ao salão cristalizado e viu que estava sem saída. Mas lembrou da velha coelha e como ela fez para sair... Ela chegou perto da parede e disse:
- Quero sair desse castelo! - e para sua tristeza formou uma porta na parede e ela abriu. Mas não era um compartimento de elevador como entrou com Medd, era um buraco escuro.
Medd vinha chegando aos pulos e gritou.
- Elisabeth, espere! Não faça isso, por favor! - Mas ela olhou para ele e acenou tristemente antes de pular para dentro, e ela escorregou numa espécie de escorregador e a porta se fechou antes que Medd conseguisse entrar.
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