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Consumindo o Consumidor
Paulo Azze

Outro dia fui ao supermercado atrás de dentifrício. Normalmente não tenho preferências, escolho algum conhecido que esteja de oferta. Afinal, segundo o Donizete, meu cuidador e único responsável pela minha precária arcada dentária, a função de escovar é muito mais limpeza mecânica que ensaboar, ou seja, melhor ter uma boa escova para escovar que usar o preferido de nove entre dez estrelas bucais!
        Zanzando entre as prateleiras, ou se preferir gôndolas, me deparei com uma etiqueta em destaque com o preço de 1,89 para o Colgate Tripla Ação. Era o mais em conta das marcas mais conhecidas e peguei logo dois para não ter que voltar, as tais idas às compras é uma coisa que não me agrada nem um pouco.
        A respeito, não sei se andaram abrindo a porteira, tem tanto transeunte nas vias que muitos andam até na contra mão da mão. Necessitamos urgente de um CET para pedestre, ou Centro de Educação de Transeuntes, para evitar aqueles encontrões, quando não os trombadões, hoje os trombadinhas já andam bem crescidinhos.
        Voltando às compras, no caixa, ao passar o código de barra, apareceu naquele visor o valor de 2,09! Delicadamente comentei com a mocinha muito amável, que na etiqueta da prateleira constava 1,89. Como se encontrava uma supervisora da firma, esta prontamente se propôs a verificar in loco a tal etiqueta e conferir o valor. Enquanto isto, numa conversa animada, a caixa resolveu passar o segundo dentifrício, alegando que qualquer diferença seria motivo de acerto posterior.
        Finalmente se apresentou a conferente me informando e mostrando que o código do produto era diferente daquele da etiqueta. Ora, era estranho, a descrição conferia com a embalagem e segundo o tal Código de Defesa do Consumidor, o que vale é a etiqueta, mas por causa de míseros centavos não ia iniciar uma discussão que talvez resultasse numa guerra jurídica em algum tribunal qualquer e além das amolações de praxe. Pior com as tais custas processuais, taxas e honorários de sucumbência. Quiçá algum processo dito moratório. Coisas que estou a par devido ao trabalho insano de digitar uma quantidade significativa de petições, ajudando a pimpolha, já grandinha, aqui de casa, nos seus trabalhos de estágio da faculdade de direito. Assim achei melhor ficar por isto mesmo, que, além de tudo, sou de boa paz.
        No caminho de casa, não sei bem porque, resolvi verificar o tíquete do caixa e pasmem, o segundo dentifrício constava como 2,29! Constatei também que o tal código de barra era diferente para os dois. Situação estranha mesmo, o mesmo produto: Colgate Tripla Ação com três, ou melhor, triplo código diferente! É mesmo incongruente! Será devido ao seu nome, ter triplo preço ou tripla enganação? E os demais produtos ali vendidos como seriam? Melhor mesmo trocar logo de supermercado...
        Ainda por cima, depois fui lembrar-me de caso semelhante, no mesmo supermercado, com uma garrafa pet de refrigerante, com divergência de preços entre o caixa e aquele estampado na prateleira. Na época recusei o produto e troquei por outro, mas para não ficar na saia justa voltei à prateleira e levei o cartaz enorme com o preço para a funcionaria que com destreza, colocou-o logo embaixo do caixa, eliminando a prova e evitando novos protestos.
        Alias, sobre este assunto, conheço pessoas que ficam torcendo para ter um problema que necessite do Código de Defesa do Consumidor e mover uma ação de perdas e danos, inclusive morais. Nos momentos de aperto, é sempre uma solução, para isto tem os Tribunais de Pequenas Causas, a quem se recorre sem mesmo antes procurar o Procon...
        Acho que a Lei de Gerson anda por ai mesmo. Sempre tem algum espertinho tentando levar a vantagem em tudo, até teve no Fantástico do último domingo o caso do uso indevido das vagas dos deficientes e idosos. Afinal é só ir ao Shopping de muletas ou usar uma bengala e tingir o cabelo de branco para desfrutar do benefício. Melhor não esquecer de mancar.
        Até no tal Programa Bolsa Família tem. Sempre aparece no noticiário o pessoal indevidamente inscrito nele, inclusive funcionários de prefeitura irresponsáveis, quando deveriam ser pelo programa, que colocam seus familiares no beneficio.
        Agora aparece o candidato Aécio prometendo implantar um programa para incentivar o retorno aos bancos escolares daqueles que evadiram dos mesmos. Seria um Programa Bolsa de Retorno Educacional? Promete ele uma ajuda de custo de um salário para quem voltar para a escola. Já estou até imaginado a debandada geral dos bancos escolares. Afinal um salário é um salário. Os pais certamente serão encorajados a votar no mesmo, já na certeza da retirada dos filhos da escola para pleitear o benefício. Haja recursos para tal programa de sustentação dos Gersons da vida.
        E tem os marmanjos de plantão que se aproveitarão da grana extra. Haja carteiras e os coitados dos professores, já sujeitos ás pancadarias costumeiras dos alunos, terão que aderir urgentemente ao PADPD o Programa de Aperfeiçoamento de Defesa Pessoal para Docentes, sem bolsa naturalmente. Caso contrário, terão que ir de armadura nas aulas.
        Estou até pensando em votar no Aécio e quem sabe, vir a pleitear meu retorno aos bancos escolares, pois o benefício dos aposentados esta, ano após ano, cada vez mais daquele tamanhinho. Ridículo como ele só, comecei com dois salários e meio e daqui a pouco estarei recebendo um, isto se não for menor por obra dalgum governo desgovernado.
        Como pode-se observar, comecei com dentifrício, passei no dentista, enfrentei o transito e fui sem rumo certo ladeira abaixo, escorregando nas redundâncias como sempre, carecendo das devidas revisões, para chegar aqui nos finalmentes do Mussum. Enfim, penso que este texto pode não ser interessante, mas lhe garanto caro leitor, que é bem mais do que aquele do Veríssimo na sua coluna no Estadão, onde ele narra seu recente encontro com o Hitler, este com 125 anos e morando em Itatiaia, se gabando da derrocada alemã, num holocausto de fogo. Depois, para encerrar o texto, com o Luther King a quem chamou de negão, e se desculpando após, por ter sido inconsciente. Será que já esta pensando conscientemente em passar desta para outra?
        Enfim, todos vão concordar que meu assunto somente não é melhor porque ele é o cara. Quem sou eu para escrever no Estadão. Mas, com o devido respeito, o João Ubaldo não faria um texto daquele, ele não seria tão cara de pau! Mas eu sou para isto citar e antes que me apedrejem, fui de leve, dispensando os comentários deselegantes.
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Leia este e os outros textos em: http://pauloazze.blogspot.com.br


Biografia:
Somente um mineiro da engenharia aposentado, despendendo algum tempo tentando escrever alguma coisa, mesmo sem um estilo definido e muito menos qualquer pretensão. proseio@outlook.com
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