O carro vinha em grande velocidade
E se acidentando, na declividade
O automóvel capotou
Ficou girando os pneus no ar
E um grito abafado, sem ar
-Socorro! Acudam-me, senão eu morro
Veio chegando um mendigo
Desses que pelas estradas vão andando
Esticou a mão ao motorista
E seu corpo retirou, arrastando
Em poucos segundo
O Carro se incendiou
O homem o mendigo salvou
-Diga o seu nome
E seja lá quem for
Vou lhe recompensar pelo ato que você praticou
Sei pouco de mim
Pouca lembrança restou, respondeu o homem mendigo
Só me lembro que alguém
Prá um lugar me levou
Prometeu tanta coisa
Mas me escravizou
Fugi, não sei como
Andando ha muito tempo estou
Meus pés estão em carne viva
Minha mente cozinhou
Como folhas e paus
Nem sei porque vivo estou
O fazendeiro entendendo tudo, esclamou
-Zé Neguinho, você me salvou
O seu sofrimento agora acabou
Voltaram para a fazenda
De onde o negro fugiu
O mendigo acreditando na promessa
Nada pressentiu
À beira do rio um carro parou
E nas costas do preto
Um punhal cravou
-Não prometi?
Seu sofrimento acabou
Mas Deus que tudo vê
Esta maldade contabilizou
E pelo pecador esperou...
Nas portas do céu alguém bateu
São Pedro atendeu
E ao recém chegado explicou
-O senhor morreu
Aqui é a porta do céu
Mas para entrar na eternidade
Só quem fizer a cópia da chave
E o senhor poderia me dizer
O que eu tenho de fazer
Para esta cópia obter?
-Isto é muito fácil
No próximo guinchê
Uma cópia peça para fazer
Mas antes que se enverede
Por este novo caminho
É meu dever esclarecer
O nome do chaveiro é Zé Neguinho.
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