Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Ame o seu próximo
Cláudio Thomás Bornstein


Não quero me gabar, mas sou bastante musical. Só assim consigo explicar meu dom de imitar vozes de animais, e eu poderia contar inúmeras histórias e mesmo falar de um amor que surgiu tão somente por causa dos meus dotes vocais.

Fui visitar uns amigos. Eles moram em uma casa cercada por um belo jardim. Não sei se é por tédio, se combina com o jardim, ou se é por causa dos ovos, eu sei que, ciscando no terreno, existem umas galinhas e até um galo. Por ocasião da minha visita, andando sobre o gramado, passos firmes e decididos, o galo exibia a sua garbosa crista vermelha, de forma a deixar bem claro que ali quem mandava era ele.

Assim que eu pisei no jardim, ele veio examinar quem era o intruso que invadia a sua área. Eu estava sintonizado em paz e amor, queria mais é fazer amizade, e como prova, comecei a cocoricar.

Ele me olhou desconfiado de um lado, olhou do outro, fazendo pequenos movimentos bruscos com a cabeça, curioso e pensativo: “Que diabo de pássaro é este? O que é que ele está fazendo aqui? Este canto é mera farsa, é deboche, é advertência, ou é um grito de guerra?” E como prevenir é melhor do que remediar, bateu as asas, esticou a cabeça, abriu o bico e partiu para cima de mim.

Eu estava sintonizado em paz e amor, mas mantinha um pé atrás. Afinal, tratava-se de um desconhecido e nem ao menos tínhamos sido apresentados. Além disso, o bater de asas, que não estava no meu script, me alertou, dando tempo de eu preparar a retirada. Só assim se explica o fato de ter conseguido escapar ileso ao ataque. Daí por diante, no entanto, passear no jardim, somente com uma vara, e esta tinha que ser de bom tamanho, suficientemente grande para manter o galo à distância.

Esta história não tem “happy end”. O galo, como aliás seria de se esperar, terminou seus dias na panela. Além de mim, ele ameaçou outros visitantes, e quando chegou a vez do netinho dos meus amigos, a paciência se esgotou. Quanto a mim, não foram necessárias medidas tão drásticas. As conclusões do incidente, tirei-as eu mesmo. Daí por diante valeria a máxima: ame o seu próximo, mas deixe os pássaros em paz.


Biografia:
Para mais informações visite o blog CAUSOS em www.ctbornst.blogspot.com.br. Querendo fazer comentários, mande e-mail para ctbornst@cos.ufrj.br
Número de vezes que este texto foi lido: 62032


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Minas e o queijo: ciência e fé Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Mázinho Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Mandinga Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Lição de Tolerância Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Seu Pescocinho Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas A vida é um conto de fadas... Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Barroco Mineiro Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas A vida não é um conto de fadas Cláudio Thomás Bornstein

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 81 até 88 de um total de 88.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Penhorabilidade de imóvel em alienação fiduciária - Isadora Welzel 161 Visitas
Matemática na Ponta do Pé - Patricia da Cruz de Lima Sales 161 Visitas
Resumo - Investigação preliminar no processo penal - Isadora Welzel 160 Visitas
Resumo - Competência criminal - Isadora Welzel 153 Visitas
Resumo - Ação Penal - Isadora Welzel 151 Visitas
Sala de Leitura: Um Espaço de Descoberta e Prazer - Patricia da Cruz de Lima Sales 139 Visitas
Entre Gritos e Lágrimas - Patricia da Cruz de Lima Sales 128 Visitas
Cores em Movimento - Patricia da Cruz de Lima Sales 128 Visitas
Trabalho em Equipe e Aplicações da Matemática - Patricia da Cruz de Lima Sales 107 Visitas
Bem-estar e saúde mental no ambiente de trabalho - Isnar Amaral 41 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última