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Ame o seu próximo
Cláudio Thomás Bornstein


Não quero me gabar, mas sou bastante musical. Só assim consigo explicar meu dom de imitar vozes de animais, e eu poderia contar inúmeras histórias e mesmo falar de um amor que surgiu tão somente por causa dos meus dotes vocais.

Fui visitar uns amigos. Eles moram em uma casa cercada por um belo jardim. Não sei se é por tédio, se combina com o jardim, ou se é por causa dos ovos, eu sei que, ciscando no terreno, existem umas galinhas e até um galo. Por ocasião da minha visita, andando sobre o gramado, passos firmes e decididos, o galo exibia a sua garbosa crista vermelha, de forma a deixar bem claro que ali quem mandava era ele.

Assim que eu pisei no jardim, ele veio examinar quem era o intruso que invadia a sua área. Eu estava sintonizado em paz e amor, queria mais é fazer amizade, e como prova, comecei a cocoricar.

Ele me olhou desconfiado de um lado, olhou do outro, fazendo pequenos movimentos bruscos com a cabeça, curioso e pensativo: “Que diabo de pássaro é este? O que é que ele está fazendo aqui? Este canto é mera farsa, é deboche, é advertência, ou é um grito de guerra?” E como prevenir é melhor do que remediar, bateu as asas, esticou a cabeça, abriu o bico e partiu para cima de mim.

Eu estava sintonizado em paz e amor, mas mantinha um pé atrás. Afinal, tratava-se de um desconhecido e nem ao menos tínhamos sido apresentados. Além disso, o bater de asas, que não estava no meu script, me alertou, dando tempo de eu preparar a retirada. Só assim se explica o fato de ter conseguido escapar ileso ao ataque. Daí por diante, no entanto, passear no jardim, somente com uma vara, e esta tinha que ser de bom tamanho, suficientemente grande para manter o galo à distância.

Esta história não tem “happy end”. O galo, como aliás seria de se esperar, terminou seus dias na panela. Além de mim, ele ameaçou outros visitantes, e quando chegou a vez do netinho dos meus amigos, a paciência se esgotou. Quanto a mim, não foram necessárias medidas tão drásticas. As conclusões do incidente, tirei-as eu mesmo. Daí por diante valeria a máxima: ame o seu próximo, mas deixe os pássaros em paz.


Biografia:
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