ESTOU DEFICIENTE E AGORA?
Todos nos preparamos para momentos que nos agreguem alegrias, conquistas e não tristezas, frustrações, traumas.
Uma das causas para a desagregação familiar é a deficiência adquirida, o impacto é tão forte que muitos ao invés de aprender como lidar com a nova situação, resolvem abandonar o barco.
O atingido por estes revezes da vida, se foi mantida a sua lucidez ou parte dela, se sente assustado, com medo. O simples fato de ter que depender de uma outra pessoa para tudo , é necessário quebra de orgulho e aceitação, itens extremamente difíceis para o paciente.
Aceitação, esta palavra é muito forte e o seu significado vai além de tudo que podemos imaginar. Aceitar é não se queixar, não maldizer, não transferir para o outro as suas frustrações.
Como aceitar algo que não queríamos, que interrompeu momentos importantes da nossa vida e que levou embora seres queridos que não suportaram a barra?
Hábitos corriqueiros que fazem parte do nosso cotidiano como escovar os dentes, utilizar o vaso sanitário, tomar banho, se vestir ou simplesmente tomar um copo de água, possuir os órgãos vitais funcionando direitinho, passam batido na nossa rotina.
Quando nos vemos com a nossa intimidade devassada, sermos deixados no vaso sanitário, utilizando a comadre, fraldas, a espera que nossas atividades fisiológicas funcionem. Quando perdemos um membro, a visão, audição, fala, locomoção, o nosso processo do autoconhecimento e aceitação são colocados a prova, e agora? Deficiências definitivas ou temporárias precisam da ajuda do outro.
Quando são doenças degenerativas, muitos não suportam e optam pelo suicídio.
E o cuidador, se é alguém neutro que não pertence ao núcleo familiar do paciente, ele terá que entendê-lo, procurar ganhar a sua confiança. Se é algum familiar, é mais complicado pois este já o conhecia antes do ocorrido, suas manias, as suas reações, demandará mais esforço de aceitação para ambos.
Enfim as deficiências adquiridas são as mais difíceis de aceitar, a prática do autoconhecimento diário, reavaliação de atitudes, são extremamente importantes. Muitas deficiências possuem origens em mágoas, implosões mentais diárias e orgulho exagerado. Todos estes itens vão minando o sistema imunológico.
O paciente e o cuidador se tiverem condições mentais para utilizarem a empatia, se colocando um no lugar do outro, expondo menos as suas intimidades, exercendo a paciência , a fé e a gratidão por ter quem cuide e por poder ser útil ao outro. Ninguém é uma ilha, melhor nem pior que ninguém e a deficiência nivela, iguala os indivíduos, pois todos poderemos passar por momentos irreversíveis . Não é necessário ficar pensando que poderão acontecer algo que nos deixe dependentes do outro fisicamente, mas estarmos equilibrados seja para passarmos pela deficiência ou cuidarmos de alguém deficiente, a quebra do orgulho é o mais importante passo para isso.
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