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Boa madrugada
Juliana Pereira Edeldo da Silva

Boa madrugada, eu digo, com o coração em silêncio, olhando o céu em busca de sinais.
Não há sangue, apenas ausência — o corpo distante da alma, e o grito adormecido sob os sonhos inquietos dessa cidade.
O que foi deixado para trás talvez tivesse valor demais... ou calor demais.
Tudo se resume a uma lágrima — suave, breve — lembrando que os ciclos terminam... só para recomeçar dentro de nós.

No corredor me encontro, com o canivete da memória nas mãos.
Escrevo nas paredes, com palavras que doem, mas libertam.
São versos que nascem do que construí em mim: se danço, é porque algo dentro pulsa — uma morte simbólica talvez... ou pura alegria prestes a explodir.

Guarde em silêncio aquilo que te feriu.
Transforme em cinza os olhares que pesam sobre seus ombros.
Não quero te ver cair no abismo de um desespero mudo — tudo que nasce, um dia se encerra, mas sempre deixa um sopro de recomeço.
Se eu pudesse, lavaria minha alma com as águas de algo sagrado, ou com o perfume suave que minha mãe deixou no ar...
Mas há vozes à espreita, sedentas por julgamentos — esperando tropeços para tecer venenos noturnos com línguas afiadas.

Senti o chão sob os pés nus do caminho, e sei que você também sentiu.
Quando eu não estiver, e a saudade for demais, rasgue seu peito em poesia.
Nossos olhos veem o mesmo mundo, há tanto tempo.
Se a maldade fosse todo o mal, bastaria ignorar os disfarces — esses que sorriem até diante da própria mentira.

Não deixe que tomem o que é seu.
Seus olhos foram moldados pela lua, sua alma consagrada no campo de uma batalha feita de amor.
A sua força habita a lâmina que apenas você conhece.
Caminhe ao meu lado por entre os tempos, e eu te mostrarei o que as palavras não alcançam.
Conte-me tudo, mesmo que eu já saiba.
Sou sua mãe — sou Aywa, guardiã da noite, mãe dos que têm a aura azul, como a sua.

Chame por mim quando o silêncio for demais — ouvirei com o coração.
Não permita que te digam como viver.
A missão é sua, e só você entende a trama da história que lhe foi dada.
É quase um conto encantado — onde a personagem precisa encontrar apenas um princípio para florescer.

Com delicadeza ou com firmeza, alcance seu topo.
Não para ferir — mas para que te ouçam.
Que os seus medos se tornem voz, não prisão.
Que falem com você, para que o mundo entenda: mesmo o imortal pode se curvar diante da coragem.

Dê-me a mão.
Grite comigo, se for preciso.
Enfrente o novo como quem atravessa a tempestade com os pés firmes no chão.
Erga os olhos e diga ao universo: nem o fogo pode apagar quem nasceu para brilhar.
Siga o traço.
Chegue no centro.
E então, com a calma de quem sabe, crave a sua verdade... no lugar exato.

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Resenhas Um pequeno verso da noite. Juliana Pereira Edeldo da Silva

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