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O Livro do Coração
Matheus Costa

O LIVRO DO CORAÇÃO

Este livro envelhecido
tem marcas que eu mesmo fiz...
E a própria vida hoje quis
dar conta do que guardei.
Nos rastros que já cruzei
e o tanto que hei de andar,
percebi que, ao versejar,
confesso tudo que sei.

O abraço - quando guarida -
mostra no gesto, a clareza...
Razão inversa à vileza
de quem esconde consigo
armadilhas neste abrigo,
expondo (em falsa proposta)
que a mão que afaga as costas
jamais oferta perigo.

O espinho carrega a culpa
de ferir a quem afaga
- casca seca e vida amarga -
...Seu destino não foi pleno!
Teve a bênção do sereno
na vivência que lhe cabe;
E apenas ele é quem sabe
que a flor também tem veneno.

A solidão é poesia
escrita em verso calado...
Logo ao tê-la no costado
se deixa de ser sozinho!
E assim, revela aos pouquinhos:
- Paciência não é cansaço!
...Pois, bem pouco adianta o passo
se for maior que o caminho.

A confiança, se perdida,
talvez não ache retorno...
Na ferida do abandono
descobre quem lhe merece.
Ao seu jeito, reconhece
que diante à palavra errada,
bem mais vale dizer nada...
...num silêncio – quase prece.

O perdão é cura entregue
à quem se aceita aprendiz
do ensino que a cicatriz
demonstra em paciência e dor...
...Pois a fé só tem valor
na reza de quem bem sabe
que pouco adianta o milagre
se o santo for pecador!

O sonho, embora buscado,
nasce e morre junto a nós...
Será inverdade no "após"
se não lhe cuida o "presente".
E teima em contar à gente
sobre distância e saudade,
se acaso a felicidade
toma um rumo diferente.

O tempo leva consigo
- nas rugas simples da idade -
a real capacidade
de que ele mesmo conserve
aquilo que a história escreve
e se transforma em lição...
...pra o livro do coração
guardar somente o que deve.

O olhar - guardião da face -
conforme este livro ensina,
carrega a eterna sina
de ser sinal da verdade...
E deflagra, sem piedade,
alguém que, com dita ira,
pensa que a voz da mentira
calará a sinceridade.

Todo livro, embora antigo,
traz consigo uma lição...
Este, do meu coração,
também não é diferente,
Em suas linhas, sabe e sente
tudo que mais nos indaga...
...e entende as dores amargas
que, por "vez", invadem a gente.

Suas páginas são um segredo,
por nunca encontrarem fim...
Contam do não e do sim,
do final e do começo.
- Eu, que tanto lhe conheço,
guardo-o na estante da alma...
Não o decifro sem calma,
tampouco o leio ao avesso.

Desta forma - folha a folha -
descubro aquilo que sou...
E se o tempo assim guiou,
me confesso por inteiro
neste livro, companheiro
das horas que, sem aviso,
a saudade que escravizo
faz de mim, um prisioneiro!


Biografia:
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