Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Liberdade
Matheus Costa

LIBERDADE

Este par de asas miúdas
- gigante pra quem as sente -
com destino diferente
rompe lonjuras do tempo.
...No rumo que o próprio vento
teimou em julgar pecado;
Como desdita e malgrado
de tamanho sentimento.

Tive a fé e tive o barro…
...na morada pacholenta.
- Rancho que a terra sustenta,
ante o sem fim destes anos
- Dez luas... (livre o engano!)
...já vão-se, desde a partida
da “barreirita” querida
d’algum feitiço mundano.

Eu que, outrora, milongueiro...
espantei mágoas do posto,
cantando em tom de desgosto
tremendas queixas doídas.
...Agora, de estada erguida
n’outro moirão de alambrado...
...reparo a cruz do passado
pesar - à míngua - na vida.

Ficou na morada antiga:
algum sonho em claridade,
que o destino, sem piedade,
sulcou na conta dos dias.
- E quando a manhã anuncia
razões de um silêncio pleno,
vejo o meu mundo pequeno
co’a mesma grande valia.

A quincha que foi ao chão
depois de geada e tormenta,
mais firme, se reinventa...
...e então, vem mostrar-me o dito;
Que este meu canto bendito
em lugar nenhum caberia:
n’outro rancho - moradia -
ou n’outro destino escrito.

E a doninha, que, emplumada
foi-se, de paixão, perdida;
Por onde andará, na vida,
se não penando o sentido
d’um posto querer florido
que lhe atiçava os trejeitos?
...Pois, em romance imperfeito,
não volta o que foi perdido.

Daqui, diviso as lonjuras,
diante ao silêncio do nada.
...Ouço os segredos da estrada,
e então, o choro do arreio
de algum cruzador que veio
penoso, no corredor;
De atrás do rastro da flor
depois de parar rodeio.

Chora o arreio na estrada...
...não chora mais este canto.
Já não existe o quebranto
que fez-me João por metade.
- Eu, cantador sem vaidade
na melodia que abrigo;
E ela, um poema antigo...
...escrito pela saudade.

(…)

“...Sempre, em trabalho dobrado,
segue o barreiro, rondando;
...Segue a ladina, esperando
qualquer contrária intenção.
Mas, muito embora, o rincão
os una pela saudade,
ser dono da liberdade
já basta pra’o pobre João.

Franca cicatriz fechada,
de um pesar que pouco existe!
Barreiro que canta triste
não vive de alma serena!
Por isso, a sina terrena
sempre traz um novo afago
pra todo coração vago
que o desamor envenena.”

(…)

Quando a fé, benzendo o peito,
curou tamanha ferida,
meu rancho - borda caída -
não cansou de retornar.
...E o feitiço do lugar
espalha o canto que instigo,
como o mais torvo castigo
à quem desfaz de escutar.

...Tive o barro, bem postado
no rancherio de outra era,
que findará por tapera,
ruído pela verdade:
- Para a “barreirita” é tarde
desfazer rumos errantes...
E eu creio como o bastante,
ser dono da liberdade!


Biografia:
Número de vezes que este texto foi lido: 61641


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Relato da Nazarena Matheus Costa
Poesias Relato da Flor Bordada Matheus Costa
Poesias O Livro do Coração Matheus Costa
Poesias Ranchito Matheus Costa
Poesias Vizindário Matheus Costa
Poesias Liberdade Matheus Costa
Poesias Pingo de Corredor Matheus Costa

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 21 até 27 de um total de 27.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Resumo - Pronunciamentos, sentença e coisa julgada - Isadora Welzel 163 Visitas
Penhorabilidade de imóvel em alienação fiduciária - Isadora Welzel 163 Visitas
Resumo - Investigação preliminar no processo penal - Isadora Welzel 160 Visitas
Resumo - Ação Penal - Isadora Welzel 154 Visitas
Resumo - Competência criminal - Isadora Welzel 154 Visitas
Sala de Leitura: Um Espaço de Descoberta e Prazer - Patricia da Cruz de Lima Sales 153 Visitas
Cores em Movimento - Patricia da Cruz de Lima Sales 145 Visitas
Entre Gritos e Lágrimas - Patricia da Cruz de Lima Sales 139 Visitas
Trabalho em Equipe e Aplicações da Matemática - Patricia da Cruz de Lima Sales 114 Visitas
Bem-estar e saúde mental no ambiente de trabalho - Isnar Amaral 54 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última