Ver chover é um nada
Que salta do mais escuro
E dobra-o indefeso lápis
Como faz com o obscuro.
O sítio,o armadilhado
Encruzilhado poder,inspiração
Que não causa sentimento
Sofrimento ou bem algum.
Mas se curva a pena
Como a água por fazer
Brota a vida de uma cena
No papel de um só prazer.
Mas que papel,esse?
Que revela,tanto acende
Que é palha,é fogo e é
Fogueira que consente?
E que vida é esta,
Que quando não chora
Poesia ,desembesta numa chama,
Que não se via
E há muito não se ardia?
Que tinta,que papel,
Quem dá a garantia( ? )
Pois permita inferno ou céu
Noite branda,tarde ou dia.
E esta vida,do nada
(papel manchado de ilusão )
ao nada,será,vai voltar
(outros papéis se mancharão )?
O que é o poema?
O que é a tinta ?
Para que foi feito o papel?
Para a ilusão das métricas-livres-decassílabos?
Para a afirmação da língua?
Ou a escravidão dos homens?
Ou ambas-todas?
Ambas coisa –coladas,de um lado claro véu que nada oculta e que se chama realidade vista.
Realidade apreendida.
E que o instante,o papel e o homem nu transformam em poesia.
Batem lhe à porta na esperança de um devaneio
Um meio,uma desbusca qualquer.
-Concisa,matemática,rebelde,indecente,oriental até.
Nem querermos de ilusão
Terra,ar e fogo e chuva.
O papel que dobra a mão
E tira versos da própria curva.
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