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O coração nunca está à serviço
de armações e enguiços,
sempre prestes se põe a quem ferve
a água do radiador,
a quem rompe com a tristeza
e desenha uma tímida flor...
O coração volta para casa quando o chamam,
quando ouve lábios trêmulos recitarem
versos cheios de espinhas,
dois olhos brilham,
se secam no avental da mulher na cozinha...
O coração conhece a fama dos punhais,
o ciúme da adaga, o riso de escárnio
do fuzil encostado no canto da casa...
O coração sempre as escadas mais difíceis,
a montanha mais alta, o beco mais escuro,
o coração sabe que a biruta do aeroporto
se entrega ao vento como ele que,
tonto de amor,
se entrega às mãos do sentimento...
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