|
Da rua das Cajazeiras, ouve-se o brado,
Quando é pra brincar se larga até o prato.
De um a dez vai do céu pra terra,
Intercalando entre uma e outra perna.
Três toques, três cortes,
Temperar e chutar pro gol,
Balança o caixão, balança você,
Com quem está a bola Maria viola.
Quem escondeu, escondeu,
Atrás da barra não valeu.
Descer a rua Ida Lousada íngreme ligeiro,
De rolemã, aquele kart bem caseiro.
Era queimada e futebol na quadra,
Dibrinha, fintinha, debaixo das pernas é porrada.
Tratar de hoje não, era pura burrada.
Triângulo, buraco e minhoca,
Três jeitos diferentes de jogar biloca.
O João levou um pião novo pra escola,
O menino tomou dele e levou embora.
Cabra cega, às vezes dava pra enxergar.
Uma bandeira a gente tinha que roubar.
A filha da vizinha era carta branca,
Brincava junto só que não valia,
Por ser muito pequena e franzina.
O bom era soltar pipas nas ruas,
Se tinha muita linha, mandava busca.
Sargentinho com três varetas,
Peixinho com duas, uma emborcada,
Pros pequenos era a cartolinha de papel,
Os mais bonitos de folha de seda,
Os nossos eram mesmo de plástico,
Da sacolinha do supermercado,
Muitas pipas ficavam enroscadas
Nos fios da rede elétrica
Da companhia energética do estado.
Bete era muito legal e as regras
Se compunham de dialetos,
Que variavam de bairro pra bairro,
Nads ou Pausinho pra dois,
Olha o carro, parô, parô, parô!
Tem que jogar daí onde estava,
Depois de uma boa rebatida,
De dois em dois até dar vinte e quatro,
Cruzam os betes e fim de papo,
Acabava o jogo.
[Gustavo Gonçalves da Silva, 27/01/2016, Uberaba-MG]
|