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A BONECA DE SOPHIA - PARTE V
TERROR
EMANNUEL ISAC

... No escritório, a conversa entre Norma e Éster continuava:
          - Só existem duas maneiras de mandar este demônio de volta para o inferno; uma é enterrá-la dentro da caixa revestida com couro de boi, no cemitério, em uma cova onde ninguém antes foi enterrado..., e a outra... – Éster respirou fundo;
          - Sim, e qual é a outra? – As mãos de Norma suavam e tremiam sem parar;
          - Oferecer uma vida em sacrifício e devolver a boneca para sua dona original!;
          - Sacrificar uma pessoa? E quem faria uma coisa dessas? Você sabe quem é a dona verdadeira dessa boneca? – Perguntou Norma;
          - Sou eu! - Respondeu Éster, curto e grosso;
          - Você??? Como assim???
          - A boneca usada no ritual, era minha! Eu a ganhei quando era criança e quando Sônia fez sete anos, dei para ela de presente!
          Norma ficou em silêncio, pensando no que Éster acabara de lhe falar. De repente, um estalo de pensamento veio-lhe à mente:
          - O nome de sua filha é Sônia..., o nome da minha é Sophia..., não acha muita coincidência???
          - Pode ser! Mas minha mãe me disse que deu a boneca por não suportar mais ficar com ela em casa! Será que... – Éster parou de falar e olhou para Norma;
          - O que foi? – Perguntou Norma apreensiva;
          
          Éster abriu a bolsa e retirou um pequeno livro. Norma pode observar a sua capa em vermelho e preto e uma figura estranha, que logo perguntou a Éster:

          - Que desenho é este na capa?
          - É o desenho de BAPHOMET, um dos ídolos do ocultismo! Comprei este livro em minha viagem para a Índia, deixa eu te mostrar uma coisa... : Éster começou a folhear o livro.

          Enquanto Éster folheava o livro, Norma inclinou a cabeça para observar aquele desenho sinistro que tinha o corpo de homem com seios de mulher, cabeça de bode com dois chifres e duas asas grandes e negras nas costas, com um braço estendido, apontando para cima e o outro para baixo, semelhante a SHIVA, na Índia que quer dizer: “ASSIM EM CIMA COMO EMBAIXO”, conforme ELIPHAS LÉVI, considerado o maior ocultista do século XIX;

          ... Achei! – Exclamou Éster;
          - Sônia, no indiano é igual à Golden;
          - Golden??? – Interrogou Norma;
          - Quer dizer: MINERADOR DE OURO;
          - Não estou entendendo nada! – Disse Norma com a expressão de interrogação na face;
          - Minerar Ouro, é aquele que procura e encontra um bem precioso. Em muitos rituais, as crianças que eram sacrificadas, em sua maioria, eram meninas de sete anos!

          - Meu Deus! Sua filha tinha a mesma idade que a minha! – Norma estava espantada;
          - E não é só isso; escute: “Sônia, segundo o ARCANOS do TAROT três, significa também IMPERATRIZ, que tem a capacidade para penetrar na alma dos seres, com pensamento fecundo e criador!”.
          - Eu me arrependo de ter aceitado esta boneca de sua mãe! – Disse Norma pondo as mãos na cabeça e sentindo os dois ferimentos;
          - Isso não importa agora! O que devemos fazer no momento é dar um fim em tudo isto! – Falou Éster, decidida;
          - Sua filha, a onde ela está?
          - Na sala, assistindo TV com o irmão; - Respondeu Norma;
          - Em hipótese alguma, ela pode sair de dentro desta casa com a boneca!
          - Como assim? Por que não?
          - Pelo que eu li no livro, o demônio NAZU precisa de um corpo de mulher para incorporar, mas quando incorpora no corpo de uma criança, se torna dez vezes mais forte!
          - Por iso ela escolheu sua filha no lugar de sua mãe?
          - Provavelmente! Mas ela não pode incorporar enquanto não se alimentar da carne de um cadáver, na presença de sua dona;
          - Mas não existe cadáver em minha casa. Marcelo ainda está internado e com fé em Deus, ele vai sair dessa! – Norma falou com um certo alivio na voz;
          - Não é disso que eu estou falando; eu estou me referindo ao cemitério que eu vi, quando estava procurando por sua casa!;
          - Aquele perto do parque? – Perguntou Norma;
          - Exatamente! O demônio vai fazer de tudo para que sua filha leve ele até lá!
          - Sophia tem medo até de passar por perto dele, jamais ela iria até lá sozinha!
          - Não subestime o poder mental de um demônio! – Éster falava com experiência.

          Norma deu crédito às palavras de Éster, e chamou pela filha;
          - Sophia! Sophia!

          Não obteve resposta. Levantou-se seguida por Éster e foi até a sala onde Hélio continuava sentado assistindo à TV, e não viu Sophia;

          - Hélio! A onde está sua irmã?
          - Não sei! Ela estava sentada aí no sofá! – Apontou para o sofá;
          - A boneca! – Norma olhou para Éster e correu até a cozinha.
          Olhou para o canto a onde tinha deixado a boneca e encontrou a porta aberta;

          - Sophia!!! – Éster correu ao ouvir o grito de Norma;
          - O que foi? – Perguntou ela;
          - A boneca sumiu e Sophia também! – Apontou para o canto da pia e a porta aberta;
          = O cemitério!!! – Exclamaram as duas ao mesmo tempo.

          Éster saiu pela porta primeiro que Norma, que ao passar, teve seu braço apertado violentamente pela porta, que se fechou sobre ele, arrancando dela um grito de dor que fez Éster olhar para trás! Norma cambaleou na ponta das escadas, tropeçando e em seguida, mergulhando de cabeça dentro da lata de lixo, exatamente como fizera com a boneca!

          Éster correu em seu socorro e a puxou de dentro da lata; seu rosto sangrava, pois havia dentro da lata de lixo, restos do prato que havia quebrado no almoço e ela jogara fora. Éster retirou da bolsa uma toalha de rosto e passou no rosto de Norma, enquanto ela massageava o braço, no mesmo lugar, onde ela apertou o da boneca;

          - Precisamos encontrar sua filha, antes que seja tarde demais! – Disse Éster para ela;
          - Vamos! Eu conheço um atalho até o cemitério! – Norma levantou ainda cambaleante.

          Atravessaram a praça e passaram por alguns quintais, até chegarem na rua principal. Atravessaram e entraram no cemitério. Éster perguntou se Norma sabia de alguém que tinha morrido recentemente. Ela lembrou do dono da farmácia, que fazia exatamente naquela noite, três dias de falecido.

          Procuraram pelo local do sepultamento. Norma se esforçava para lembrar o lugar exato. Já estava exausta, quando entrou por uma galeria e avistou Sophia sentada em cima de um mausoléu , segurando a boneca no colo. Tentou correr, mas Éster a segurou:

          - Calma! Temos que ter cuidado, não sabemos se já aconteceu ou não;
          - Mas, é a minha filha que está lá! – Rebateu Norma;
          - Nesse momento, infelizmente não sabemos!

          Éster falou com pesar na voz. As duas puseram-se a caminhar lentamente, aproximando-se do mausoléu. Quando chegou próximo, Norma pode enxergar que Sophia segurava a boneca na mão direita, e com a esquerda, colocava alguma coisa na boca da boneca, Éster a seguia com cautela.

          Norma deu a volta no mausoléu, procurando um ponto de claridade, quando percebeu que o que Sophia estava colocando na boca da boneca era, um pedaço do antebraço de um cadáver, gritou:
          - Sophiiiiaaaa!!!

          A menina virou a cabeça lentamente, seguida pela boneca que repetiu o gesto de Sophia, deixando Norma e Éster apavoradas de medo, ao perceberem o vermelho sangue e o brilho que emanava, dos olhos das duas...

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