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ONÇA E SEU SOFÁ LARANJA
ELISA TABORDA/ andremansur.com

Você já ouviu falar da Onça? Não o felino, mas a cadela abandonada que agora vive às margens de uma estrada de terra em Ribeirão Preto (SP). Onça recebeu este nome por ter um apreço todo especial (e possessivo) por um velho sofá laranja, não deixando que ninguém se aproxime.
Sua história é triste, porém comum. A família da Onça, provavelmente de mudança para uma casa e vida novas, resolveu desfazer-se das coisas que não teriam espaço no novo lar. Assim, Onça e seu sofá laranja foram deixados no meio do caminho. Agora os jornais noticiam emocionados a maneira como Onça se apega aos restos do que era seu lar, agarrando-se ferozmente ao que ficou da segurança e aconchego familiares, atacando qualquer pessoa que tente se aproximar de seus bens… ou seja: Onça, nos jornais, virou gente.
Longe de mim analisar a psicologia canina ou jogar um balde de água fria nos protetores de animais, que usam a história da Onça para sensibilizar o cidadão comum. Pelo contrário, tendo a pensar que o comportamento da cadela estaria mais associado aos seus instintos de auto-preservação que a qualquer outra coisa.
De todo modo, apesar de parecer uma ideia um tanto óbvia, me surpreendeu pensar em como é instintiva a maneira como nos apegamos ao que é familiar. Assim como a Onça, que se agarra ao que lhe é conhecido, todos nós sentimos essa necessidade de contato, de proximidade com o que nos transmite aconchego. Salvo, claro, certos psicopatas e alguns aparentes desgarrados emocionais. Mesmo estes, juro que já vi alguns decorando a própria mesa no escritório com bichinhos fofos, flores ou a foto de alguém especial (tem também quem coloque aquelas canetas meio bregas, de plumas coloridas). Já vi até quem defendesse sua xícara de café no trabalho de maneira tão agressiva quanto a própria cadelinha abandonada!
Quero dizer que é bacana descobrir que o que poderia ser chamado de “carência aparente” na verdade tem tanto de obediência ao instinto… quando estamos em ambientes considerados hostis, tendemos a tentar torná-los conhecidos, familiares. E quanto mais ameaçados, mais agressiva é essa nossa intenção, e mais apegados nos tornamos a esses “símbolos”. De qualquer forma, é normal querer estar próximo do que nos faz sentir fortes e seguros, não? Seja isso um sofá laranja ou uma caneta brega, um instinto ou uma necessidade humana.
E você, se apegou a quê hoje?!


Este texto é administrado por: ANDRE MANSUR BRANDAO
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