Lentamente, a flor cai do ipê
Já é madrugada, o jardim
Quase não se vê
O luar paira entre o mato alto
E brilha as flores amarelas
Do ipê e das formigas
Que não dormem
De longe, a árvore se grava
Em forma de pintura escurecida
Pelas poucas luzes do meu reflexo
Vêem-se apenas os pontos amarelos
Presos pela densidade sombria
Desta paisagem sem nome e sem rosto
Cria-se jardim durante a noite,
Fazem-se flores em movimentos pequenos
Nos instantes que não percebemos
Como se fosse uma miragem
De atingir o luar pelos extremos
E pelo olhar amarelo e lento.
Para muitos, era só mato alto
Para um poeta um jardim
Suspenso na noite pelas formigas.
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