Eis que me encontro pronto a externar
Os meus ou quaisquer que sejam os
Sentimentos plausíveis…
Busco revirar a couraça que os envolve,
Mas nada me vém à luz da percepção,
E sinto que não me faço, neste momento,
Das palavras corredor, pelo qual sofrem
As películas do meu raso pensar…
Tentando, prossigo, a dar de mim todo
O esforço, voar por dentro de meu íntimo,
Tão protegido que está, prenhe de conteúdos
Vazios e fecundos ___ talvez no vazio haja
Algo que floresça…
Então, cá estou, à espera do jorro
Sentimental, do efervescente líquido
Que de minha alma promana,
De coisa alguma reparada pela
Consciência dispersa e dinâmica,
Por entre tantas verdades e efêmeras
Coisas que acabam aludindo a outras…
A essa altura, aguardava mais de minha
Sensibilidade, porque não sou operário
Do verso; não sou o genitor de minhas palavras
Condensadas e condenadas à imaginação,
À realidade travestida, à importância do
Meu siso, sendo vate?
Desconheço a mim, agora, ou estou frente
Ao julgamento do meu incerto pensar?
Assalta-me o vazio de não me expressar
A contento ou a realidade me é cruciante,
A ponto de derrubar o véu tênue do meu
Errôneo pensamento?
Não o sei, e, se o soubesse, por certo,
A inquietude que ora me rouba a lírico-dramática
Alma haveria de conscientizar-me…
Choraria, tal qual criança, um pranto
Trôpego, lastimável, agônico…, algo a que
Me escapa o vigor dos termos irritantes…
Ah, fio condutor das expressões amenas,
Onde estaria o seu início?
Dar-lhe-ia alguma coisa com a qual eu
Pudesse receber a ponte por que
Passaram Pessoa e outros afins…
Oh, arcano dos gigantes,
Esperança dos pequeninos,
Hei de afugentar o peito estafante?
Ou esperar o lustre dos limos…?
|