Não me queixo de ficar sozinho. Mas, não exageremos. Solidão pra sempre é como insistir nos domingos vazios, preocupados com o amanhã. Recebo o carinho dos meus três filhos, só meus, e de outro que a vida me presenteou para que eu aprenda a amar estupidamente. Portanto, não estou irremediavelmente só e nem estou chorando por isso, mas quero conversar com vocês.
A gente senta perto da janela e vê, depois dela, uma vida diferente. Um vai e vem de sorrisos e carrancas, percebendo que devagar se vai ao longe ou não posso me atrasar, vou perder o trem da minha vida. E há quem se abrace a quem deseja partir, na intenção de impedir a fuga.
Às vezes, esse alguém desiste e fica, mas em outras, não se importa e vai embora. Naquele que ficou tatua-se, no coração , o imperdoável sentimento da vontade de morrer.
E chegam as noites, que após a chuva, despejam luas nas sarjetas, estrelas no capim e uma saudade não identificada de tudo que aconteceu ou não.
Fechamos, então, a janela para esquecer o que não nos atinge a pele e nem a alma. Mas esta nos exige reparação: atentem para o que nos disseram as palavras do Taiguara:
"sorte, eu não queria a juventude assim perdida, eu não queria andar morrendo pela vida. Eu não queria amar assim, como eu te amei"
Rio, 08/09/2020
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