Mãos infantis se despedem de mãos adultas enquanto eu tenho um sol enorme em minhas retinas e um tênis apertado em meus parafusos.
Acabo de deixar um lar que traz consigo pó, acúmulo, baratas, cachaça e dois corpos pedintes de afeto sujo e pés rachados. Corpos estes que iram traçar suas próprias rotas para a morte, enquanto eu embarco em ladeiras depressivas e ensolaradas.
Duas têmporas de olhos velhos me fitam do alto, por encalço de uma varanda, comendo toda minha sanidade enquanto meu estômago ruge de necessidade de carne nobre.
Vejo uma enorme quantidade de garotas jovens com anjos em seus braços, anjos estes que repousam agasalhados em imaturidade.
Aposto que nesse exato momento, dois cromossomos se cruzaram e tabus foram jorrados por entre pernas em cima de lençóis encardidos, e eu só consigo pensar em...
Cachorros e suas coleiras de ferro, bicos de peito materno, conhaque em copos de mofo, desculpas esfarrapadas, promoções nas quitandas, brancos em universidades públicas, pênis inchado, fotos aleatórias, bucetas quentes, fim de tarde, ônibus, bexigas explosivas, pm, fome, diferença de idade, falta de empatia, folhas varridas com vassouras desfiapadas, traficante, cerveja quente, palavras de amor, trânsito, homens sem dentes, fezes de gato e maconha.
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