O Brasil anda bagunçado.
Nem vale mais a discussão se o governo atual é golpista ou não, o fato é que a crise política criou um desarranjo institucional e intestinal.
O povo está apavorado, correndo com as calças na mão sem saber direito pra onde, nem desconfiando qual bandeira deve empunhar ou sob a qual pode se esconder.
O país navega sem rumo porque nesse deus-nos-acuda o sentimento de nação vai, como sempre, pra lá de onde o diabo-perdeu-as-botas.
Eu ganhei, nós empatamos e vocês perderam é o mantra do beleléu.
Alguns tentam enxergar uma ação ordenada a partir das últimas eleições, ancorada na ascensão da direita.
Bobagem.
A direita perdeu longe para o sentimento de mudança ampla, geral e irrestrita, estando seu mérito muito mais em capitanear seus movimentos a partir dos muitos flancos que a esquerda deixou a descoberto.
Aliás, ainda existem direita e esquerda nesse mundo do eu sozinho narcisista mais preocupado em trocar likes?
O problema de toda bagunça é que ela não vem sozinha.
A dissociação de sentimento coletivo leva à quebra de padrões que não são somente barreiras, são limites da ética e do comportamento.
E não se pense aqui em política, onde a ética virou impensável, mas no cotidiano, no dia a dia em que briga por namorada agora é troca de tiros e discussão de meninas vira tortura e cárcere privado, se você ainda não viu dê uma olhada no jornal de ontem, de hoje ou de amanhã.
Isso não é pouco, mas a bagunça não tem regras escritas nem faladas nem televisadas, muito menos manual de instrução.
E, no meio da confusão, quando a música mais tocada diz “toma aqui uns 50 reais” todo mundo vai aceitando sem pensar.
|