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(D)escrever
Willians de Matos Flores

Tem época em que meu corpo dá palavras como se fossem frutos. Não flores, frutos. Em um determinado período dessa mesma época, alguns desses frutos caem sobre uma superfície lisa e com pauta. Por isso, escrever é desgarrar-se.

Uma vez que desperto da longa hibernação do inverno d’alma, e me deparo com tantos frutos desgarrados, dispostos na superfície como em um jogo de búzios, faço então com eles uma rodada de perguntas. Por isso, escrever é consultar-se.

Tendo encontrado todas as respostas que meus frutos poderiam dar, vejo então eles fundirem-se numa solução brilhosa a que chamam poesia. Logo, escrever é alquímico.

Bebo seguidas vezes como que sorvendo a mim mesmo, e na medida em que sinto meu próprio gosto, e meu prazer é maior ou menor com isso, vou afinando o sabor de cada fruto até ficar pleno, porque escrever é deliciar-se.

Quando se está pleno procura-se partilhar a plenitude, por isso ofereço meu licor brilhoso e catártico a quem estiver com sede. Deixo que me cheirem, bebam e cuspam, desse modo, ninguém negará que escrever é amar sem piedade.

Assim que sou ingerido pelo organismo poético do outro, vou causando nele meus sintomas, uma vertigem passageira nos olhos, um eco profundo no peito, e um grito que se esvai sem gritar. Porque escrever é quietar-se e quietar ao outro.

Nada termina, me disseram, as coisas se movimentam e caso estejamos parados, elas se distanciam de nossa visão. Estagnar é ficar cego, movimentar-se é enxergar o mundo. Aquele que me bebe não me reencontra, porque afinal, escrever é isso, ir embora.


Biografia:
Assim que sou ingerido pelo organismo poético do outro, vou causando nele meus sintomas, uma vertigem passageira nos olhos, um eco profundo no peito, e um grito que se esvai sem gritar. Porque escrever é quietar-se e quietar ao outro. FACEBOOK: https://www.facebook.com/willians.matos
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