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UM POEMA PARA A GUERRA
UM POEMA PARA A GUERRA
carlos alexandre

Resumo:
UM POEMA PARA A GUERRA

CARLOS ALEXANDRE NASCIMENTO

UM POEMA
     PARA A    
    GUERRA
                                                                                                                                   
                  



Resquícios de fuligens vividos
Tristes feixes em velhos tempos colhidos
Pensamentos espalhados ao vento
Sente os olhos lacrimejo o momento.

No estalar das labaredas dançantes
Queimam ardentes derradeiros errantes
Sonhadores prostrados ao chão
Envolto a fumaça suas memórias se vão.

Eternizada lembrança que fica
Cicatrizes amargas sentidas
Tristes baixas em guerras travadas
A paixão sempre deixa suas marcas.

Solitário e estagnado é o passado,
Recordando o caminho em sentimento aflorado.
Em ardente presente um desejo,
De um amor no futuro ser lembrado.

-Naquele dia de frio, no pátio da velha fabrica,



-Seus olhos perdidos estavam, nos corpos que o fogo queimava.
-Ceifados pelos traçantes, companheiros de guerras e patrícios.
-Imortais que suas marcas deixaram, nos poemas por ele eternizados.

-No assobiar de uma canção,
-Seu papel caia ao chão,
-Amassado ao longe jogado,
-Seus pensamentos perdidos ficavam.

-Vamos; disse John, ao guardar toquinho lápis.
-Abasteça seu cantil, no despojo da jornada,
-Pois o dia já declina e na marcha à chuva é cinza.

-Sorrateira e bem discreta,
-Eu guardava amassadinho,
-O papel que era chutado,
-Pelas botas do soldado.







Nas trincheiras sangrentas da vida,
Ante o cerco desfecho de dor,
Desterrado sucumbe em martírios,
Pensamentos lascivos de amor.

Estilhaços que levam consigo,
Sentimentos de todo o ser.
Explodindo em amargas feridas,
Solidão rasga a alma a escolher:

Ante o ataque certeiro saber;
Nas trincheiras, sozinho morrer.
Sobre a mira, uma válvula de escape,
Rota fuga é sobreviver.

Quando em trégua o silêncio hasteia sua bandeira,
Sob o sangue vertido nas veias,
O zumbido no ouvido ele escuta
Companheira ferida na luta.





Bem no fundo da toca e embolado
Um papel feito granada amassado,
Pensamentos profundos sentidos,
Ressurgidos das cinzas abandonados.

-Eu disse pra evacuar, por que preferistes ficar?
-Estilhaços trago comigo, muitos cortes em minha alma ferida.
-Abandonos em escuridão, de um vazio dentro do coração.

-Agora ferida estas,
-Manquejando sem poder caminhar,
-Que é isso escondido em tuas mãos,
-Sob o sangue escorrido no chão?

-Poucas feridas sofridas,
-Cicatrizes de separação,
-Só um frio sentido na alma,
-Tranqüilize-se soldado John.

-Temos ordem pra continuar,
-Não podia deixá-lo sozinho



-Na trincheira abandonado ficar.

Fragmentos colhidos em tormentos,
Perfurado em sangue salpicado,
Ela esconde o papel de suas deixas,
Pra montar seu desfecho em poemas.

Sobre tensa estação de trégua
Sente o cheiro da falta de guerra
Rotineira explosão em sua mente
Baixar a guarda é ficar doente.

Lua cheia que levanta na eira
De uma febre que apaga a candeia
Retardando a retaguarda que cansa
Rompe em maca com seus fantasmas que o espanta.

Incandescente, sente as mãos ardentes
Calor no rosto, deixando os lábios foscos.
Em seus delírios confissões expostas,
Vida obscura desilusão sem cura.



Geme a dor da saudade de casa
Singular e ardente desejo de expressão,
Sussurrar sobre o ninho no abraço de um irmão amigo,
Exclamado afago sedento em solidão.

Sem papel mais embolado,
Ela escreve os seus recados
Em meio a tenso suor noturno
Vem à tona segredo oculto:

Da janela de ejeção que salta
Estimulante e imponente horror,
Fúnebre lastima de um repudio bárbaro;
Criminoso separou o amor.

No assobio da baioneta calada
Canta o grilo sereno da madrugada,
No silêncio da noite de dolo,
Emboscada na toca do lobo.





Sobre tenso calor da batalha
Lambe a lamina brilhante afiada.
Mergulhada em sangue no escuro,
Grito seco quieto e seguro.

Uiva toda matilha em loucura
Dizimada prole é arrasada sem cura,
E o triste olhar de piedade,
Deixa nodoa sobre toda verdade.

Traçado caminho errôneo
De um compasso fora da linha,
No destino sangrento em pegadas,
A aldeia era então a vizinha.

Ecoa o grito inocente
Clamante e amargo choro aos ouvidos.
Tormentos crimes de guerras,
Martírios na alma vividos.





Enferma e sem poder andar,
Pelos ferimentos sofridos na toca,
A comandante e seu soldado John,
Quarentena ao acampamento retorna.


Triste estado febril,
Parecendo febre amarela,
Ele delira a cerca de tudo,
De um poema escrito em oculto.

Seus pertences ela então revirava,
O papel amassado não encontrava,
Ao ouvido de John perguntou:
-Onde está o poema de amor?

-Desvendá-lo é meu maior desejo
-Entender o porquê dos segredos,
-Pra curar tanta dor e ferida,
-E enterrar um passado de medo.




Pouco ele conseguia dizer,
Meio olhar raso d’água a escorrer,
Balbuciava a respeito da vida,
Em suspiro pelas batalhas vencidas.

Em silêncio momento uma espera,
Junta forças a recitar seu poema,
Pouca voz sussurrava baixinho,
Encerrando os seus versos pra guerra.

Ramificada raiz solitária em desterro,
Cresce longe do ninho em costume estrangeiro.
Pelo amor sofre exílio tendo elos rompidos,
Abraçando outras crenças pra escrever seus poemas.

Entesado o arco solta o dardo certeiro,
Tendo em escopo a paixão seu destino em segredo.
Do ocidente atravessa o deserto sua flecha,
Inflamando o oriente; fere o coração da donzela.





-Na fronteira teus olhos vigiando os portões,
-Feito o musgo das flores no jardim de Allah,
- Atiçou-me a escrever este ultimo refrão,
-Em meus braços; seu nome, junto a uma canção.

-Forte nome de Guerra traz escrito no peito,
-Comandante amada deixo aqui meu respeito,
-Meu amor proibido trago sempre comigo,
-Um poema escondido pra marcar meu destino.

Quando ela acabou de ouvir
Toda aquela aclamação,
Percebeu sobre os braços de John,
Uma flor tatuada em salmão.

-Ele é então desertor, exilado por um grande amor
Disse Guerra assustada ao ver; linda flor sem mais nada a dizer,
Ouvindo o barulho de horror, da rajada em ataque ao setor.






O cerco estava armado,
O inimigo ao redor instalado,
Ninguém entrava e também não saia,
Estratégia era de guerra fria.

A tensão envolvia a mente,
Robustez era a maior defesa,
Resistir e não desesperar,
Suprimentos já prestes a acabar.

O cantil também tá vazio,
Com o inimigo é negociar;
Render-se para sobreviver,
Ou morrer e a guerra perder.

Com seus olhos perdidos no tempo,
Tendo em mãos os papeis amassados,
A comandante vagueia ao longe,
Nos poemas por John, eternizados.





Ela sente um desejo imenso
De expressar todo o seu sentimento,
Em resposta ao amor declarado,
E executar a decisão de ser lembrados.

Naquela fabrica antiga
Usada de acampamento,
Havia um alto falante instalado,
No cume da torre amarrado.

Um assobio forte e agudo
Direciona a atenção dos soldados,
Que aguardavam o momento oportuno,
De um triunfo ligeiro e seguro.

-Aqui é a comandante Guerra a dizer:
-De um soldado exilado a morrer,
-Deportado por um grande amor,
-Desertou sua causa na dor.





Um poema escrito deixou
Fragmentos colhidos em rabiscos,
Ouçam agora os seus versos patrícios,
De um irmão abandonado e esquecido.

Havia um silêncio profundo
No pátio da velha fabrica,
Soldados de guerra hostis
Quebrantados por meigas palavras.

Durante todo o tempo
Que a voz ecoava em lágrimas,
Nem sequer um barulho se ouvia,
Só o vento de uma melodia.

Corações retornando ao passado
De amores deixados para trás,
Na esperança de reencontrá-los.






Naqueles dias de frio,
Um calor no seio apertado
Mudou todo cenário da guerra,
Em desejos de ouvir mais poemas.

Não há baixas nem gritos de dor,
Expurgado foi o sentimento de medo,
Só soldados vestindo uma farda;
Confiança no amor verdadeiro.

De repente o silêncio é quebrado
Por um som veemente agitado,
Sobrevindo do alto da torre,
Branco pano de paz balançado.

Ouviu-se bem no fim do crepúsculo
De um dia tomado em virtudes,
Onde as armas de muitos amores,
Renderam-se à paixão e valores.





Oportuna riqueza é concedida em vida,
Franqueando princípios jamais esperados,
De um quadro de guerra vencido,
Pela paz entre meros soldados.

Há... se em meio aos conflitos da vida,
Houvesse uma trégua entre tantas batalhas,
Sentimentos de angustias e magoas plantada
Brotariam a paz quietude e não armas.

Entre verdes florestas de tantos segredos,
Sem o sangue salpicado escuro e vermelho.

Mal a paz reinava hasteada, sobre fina sintonia ligada;
Em freqüência ouviu a esquadrilha, que pairava nas entrelinhas da escrita.
Ordenada a destruir tal poema, deu um desertor apaixonado na guerra.

Não se sabe de onde veio, do oriente ou do ocidente,
Forte chuva cinza escura, bombardeios a queimar
Como feixes de lavoura, um poema a apagar.




-Naquele dia de frio, no pátio da velha fabrica
-Seus olhos perdidos estavam, nos corpos que o fogo queimava.
-Ceifados pelos traçante, companheiros de guerra e patrícios,
-Imortais que suas marcas deixaram, nos poemas por ele eternizados.

-No assobiar de uma canção,
-Seu papel caia ao chão,
-Amassado ao longe jogado,
-Seus pensamentos perdidos ficavam.

-Vamos disse John, ao guardar toquinho lápis,
-Abasteça seu cantil, no despojo da jornada.
-Pois o dia já declina e na marcha à chuva é cinza.

-Sorrateira e bem discreta, eu guardava amassadinho,
-O papel que era chutado, pelas botas do soldado.
-Vendo a fabrica a queimar, da montanha a caminhar.

-No dispersar da floresta, fugitivos como insurgentes,
-Bem no fundo da ravina escura, eu e John fomos presos em algemas
-Pelos crimes cometidos de guerra, que ficaram registrados em poemas.



-Levados ao quartel general, sob pena de corte marcial,
-Aguardávamos o martelo malhete, dar o seu veredicto final.

Desertar e o exílio aceitar,
Comandante Guerra colocou-se a chorar.
Seu orgulho estava ferido,
Exilada com seu John, o ocidente foi atravessar.

Cruzada a fronteira vermelha
Sente John, a brisa de casa,
Em retorno com seu grande amor,
Foi morar em sua floresta encantada.

Na estrada de sua cabana,
Havia flores marcando o caminho,
Que colhidas no final de sua trilha,
Ramalhete em seus braços trazia.

Seu primeiro nome Yasmin,
Pois a Guerra ficou para trás,
Ao abrir a porta dos sonhos,



Da cabana vida nova ela faz.

Vários livros ele escreveu,
Em poemas de um grande amor,
Que lidos por todo lugar,
Encantavam vidas, em conflitos a chorar.

Porem John, no final de seus dias,
De conquistas e de grandes alquimias,
Trazia em seus olhos perdidos no tempo,
Triste lembrança de seus fantasmas que o espanta.

Perturbados sonhos na dor,
Tristes lágrimas no sangue misturado,
Entre gritos horrendos em pavor,
Pensamentos sempre martirizados:

Quando a faca calada em silêncio
Dizimava toda prole a dormir,
Em sussurros o chefe da aldeia,
Orava aos céus lacrimejando a partir.



Em seus lábios o perdão entregava,
Aos algozes que no sangue mergulhavam,
Perturbando em angustias soldados,
Vendo cristãos ali sendo ceifados.

Os maiores conflitos da alma,
Em batalhas de guerras travadas,
É o confronto com seu próprio ser.

Questionamentos de tanto viver,
Entre erros conscientes sofridos,
Uma veste de fardas manchadas,
No findar da carreira alvejada.

Compreendendo o porquê do existir,
No despir a roupagem da carne,
Pra entender como se é entendido,
Feito o que é desnudado no avesso que é visto.
De uma simples aceitação, no inverso de uma versão.




Assim a amada de John, entendeu,
No encerrar do poema em papeis amassados,
Que não era do ocidente o saber,
E nem do oriente o poder.

De uma guerra santa travada,
Em sua mente a compreender,
Que o soldado que viu os dois lados,
Pra afugentar seus fantasmas que o espanta,
E enterrar um passado de medo;

Precisava ser como o cristão,
E sentir de seu cristo o doce perdão,
Liberando o amor verdadeiro
Para perdoar a todos os seus companheiros.



                                                 FIM


Biografia:
forjado no calor das emoções
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