Quando deu pra perceber,
Ficou difícil consertar.
Cada promessa, cada momento, cada toque,
Sufocados por insegurança, dor, indiferença.
Não sei quando foi, nem como aconteceu
Foi como areia escapando por entre os dedos,
Aquele amor sem defeitos,
Que um dia soubemos fazer.
É o idealizar que nos torna tão duros com o real?
Mas é impossível, jovem menina, modelar o mundo todo no formato da sua caixinha!
E ela grita:
Será que é possível,
um sonho perfeito
De repente se tornar escuridão?
Tornamos feito pedra, feito casca, feito coisa que não sente.
Mas à noite, ter razão perde o sentido,
E vence mesmo a saudade.
Essa cega, ingênua, sem memória.
Que quer sua vontade feita, independente do quão ferido está o coração.
Diz: corra livre, leve o que importa, esqueça, viva, sinta!
Mas o corpo, bravo soldado,
Absorvente de lembranças marcadas a ferro em sua pobre vulnerabilidade,
já não coopera como outrora,
Quando risos transpunham lágrimas.
E, cansado, diz que já não faz mais nada,
Pelo que benefício não retorna.
E cai de lado, lembrando o coração,
Que a sua briga com a mente,
Depois de tantas correntes,
Só restou em solidão.
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