Ninguém nunca está pronto para dizer adeus. O ser humano está acostumado a ter oque quer, mas nunca pensar em como seria se despedir de alguém. Eu perdi minha família, minha vida. Mas eu não poderia compartilhar minha tristeza, pois ninguém mais se importa. A única coisa que fizeram apos a morte dos meus pais, foi me internar em um hospício. Eu fiquei relutante em ir, eu não era louca. Eu sei que tudo o que eles falam sobre o remédio que eles aplicam na minha veia todo santo dia é mentira. Sei pra que serve o remédio. Eles acham que eu matei meus pais, mas eu não seria capaz disso. Tá, eu seria, mas sei que não foi eu. Todo dia, uma mulher vem até o meu quarto. E sempre faz a mesma pergunta:
— Você está bem? — Sei que ela não esta afim de saber sobre oque estou sentindo, ela só quer saber de sair logo daquele lugar onde só tem louco, e ir pra família dela. — Eu sei que o que aconteceu com a sua família foi ruim, eu te entendo..
— Você não sabe não! — Eu a interrompo — Não sabe mesmo como é perder a sua família, e não sabe como é ser internada, e ser acusada de ter matado os próprios pais. Você acha mesmo que eu matei meus pais? — Eu pergunto para ela, que se assusta, pois em todas as visitas eu nunca falava nada.
— Não sei como é, mas entendo oque você está sentindo.. — Ela tenta demonstrar calma em sua voz, mas a única coisa que ela consegue demonstrar.. é medo.
— Você vai saber como é. — Eu olho pra ela, e no mesmo instante ela se levanta.
— Como assim? — Ela me olha com um olhar de raiva e medo — Ta me ameaçando?
— Não, claro que não. — Olho maleficamente para ela — Mas me responda... Como está as suas filhas? Emily e Diana? E seu marido? — Eu estava conseguindo assustar ela, percebi quando ela ficou com medo — Como seria pra você perder eles e ser acusada pela morte deles? Teria como provar que não foi você?
— Você não vai sair daqui tão cedo. — Ela me responde e começa a caminhar até a porta.
— Você vai saber como é, doutora. Vai saber como é ser acusada pela morte da sua família.
Uma semana depois eu estava no horário livre, onde eu e as outras garotas, julgadas por ser diferente, estávamos conversando. Eu, Elly e Janne.
— Vocês souberam da nova? — Janne começa a falar.
— Oque? — Elly, pergunta de um jeito estérico. Bem... ela é curiosa.
— A douta, aquela que vem fazer visitar todo dia... — Ela para, e olha para sala onde os médicos tiram os pacientes novos para se juntar conosco. — Parece que... ela é louca também. — Ela ri de um jeito estranho, que assustaria qualquer pessoa comum. Mas eu convivo com elas a 4 meses, já me acostumei.
Olho na direção em que ela estava olhando, para a salinha. E lá estava ela, com dois seguranças ao seu lado. Preparados para a possibilidade de ela querer correr. Armados com um porrete e arma de choque. Finalmente ela iria passar pela mesma coisa que passei.
Eu me levanto e passo ao lado dela e dos guardas. Sussurro em seu ouvido:
— Consegue me entender agora, doutora.
Ela começou a se debater, querer escapar dos seguranças.
— Eu vou matar você! — Ela me responde tentado se livrar dos seguranças. Sem muita sorte.
— Pra quem matou a própria família, você é capaz de tudo, certo? — Eu respondo pra ela no momento em que os médicos chegam e enchem ela de morfina. Ela ficou tonta, cambaleando. Até que seus olhos se fecharam. E ela desabou.
Finalmente a doutora entendeu oque eu estava sentindo. É mais fácil ela passar pelo o que eu passei, para entender. Pois ninguém te entende, se não passou pela mesma coisa que você.
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