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Vielas e Veredas
Giulio Romeo

Parado no eirado da praça por horas a fio, contemplando o horizonte, percebo que minhas lembranças já não contem tanto colorido.
Noto que o tom acinzentado das recordações estão cada vez mais opacos.
O tempo em que trazia toques cintilantes em minha retina, exauriu.
A tristeza que morava à quilômetros de meu coração, já está quase vizinha.
Trago em meu destino, o gosto amargo de uma quase perda, de uma quase extinção.
Os sons que ouvia, já não são mais obrigatórios, soam como lágrimas,
As poesias que lia, já não encantam mais, perderam o lirismo.
Os versos perderam o significado, os encantos estão virando maldição,
As nuvens formam figuras monstruosas e a chuva me causa pânico.

Encontro-me assim preso a um passado não muito distante, que me trouxe ilusões, alegrias, cumplicidade, sentimentos e paixões.
Atualmente, mais maduro e contemplativo, enxergo as minhas falhas de outrora.
E lamento não manter essas dádivas que antes me eram tão significativas.
Hoje consigo ver nitidamente os meus fracassos e as minhas decepções.
Se pudesse voltar no tempo, não mudaria nada, apenas acrescentaria mais ternura e mais empenho.
Estruturaria melhor os meus desejos e filtraria mais os meus caprichos.
E trataria de ajustar as minhas deficiências, às minhas virtudes.

O meu dom de ser, confunde-se hoje com o meu dom de ter. Apenas isto, sem precedentes.

Então como crepúsculo de uma eternidade, traduzida em poucos anos, passo a caminhar por vielas que me trazem recordações do amanhã, do futuro.
Caminho também por veredas floridas e alegres e tento absorver o sentido das formas e me adequar aos novos rumos e perspectivas que serão úteis, quando uma nova afeição se aproximar.
Os labirintos de minha memória se aproximam da realidade, contemplando as perdas.
Fazem presentes os pretéritos de um mundo perfeito de minha infância.
Estabilizam a solidão das formas independentes, de entes que jazem na minha formação.
Traduzem a linguagem inteligível e indescritível que não conseguia assimilar.
Fazem o momento ser o combustível do daqui a pouco e do quase agora.
E trazem o retorno do esquecido, transformados em novas situações e formas.

Hoje encontro-me autêntico, cheio de planos, cheio de entusiasmo, cheio de lógica, mas com uma ligeira impressão que tenho que transfigurar os meus valores, os meus sentidos, e alargar cada vez mais as vielas e veredas da minha vida, para poder passar com folga, com os meus projetos, com o meu otimismo e com a minha felicidade!



Biografia:
Professor de Ciências da Religião, Teólogo, Filósofo e Pesquisador de Ciências ocultas. Procuro a verdade e quero compartilhar meus estudos sobre o comportamento filosófico e religioso de povos e comunidades, que tem a fé, como sustentáculo de sua existência tridimensional.
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