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ANOITECEU
A MANHÃ APODRECEU, A TARDE APODRECEU.
RESTOU A NOITE COM SEUS SABORES E ODORES
ACENTUADOS PELA PROXIMIDADE DO FIM.
A LUZ É TÊNUE, MAS ALUMIA.
O ODOR VEM DA VIDA RESGATADA, ESPERADA, NÃO VIVIDA.
ACONTECE ENTÃO, O RESGATE DE UM SONHO
PRENUNCIADO E ANUNCIADO.
VOLTA AOS LUGARES CAMINHADOS AO ALVORECER,
RECAMINHADOS AO ESCURECER.
VOLTA PARA VER E REVER CANTOS E RECANTOS,
SENTIR EMOÇÕES QUE NÃO MORRERAM
APESAR DOS CABELOS BRANCOS.
A ALMA CONTINUA INTACTA...O AMOR, INTACTO,
OS VERSOS INTACTOS. E, ADOLECEMOS JUNTOS...
RIMOS DO TUDO, DO NADA E DO QUASE NADA.
NOS ENCANTAMOS COM O MAR,
COMO SE O VÍSSEMOS PELA PRIMEIRA VEZ.
ESTENDEMOS AS MAÕS AOS FRUTOS DA MANGABEIRA,
NOS INEBRIAMOS COM OS CAJUEIROS EM FLOR.
RECOLHEMOS RETALHOS DO PASSADO,
REMENDAMOS COM O PRESENTE.
COLHEMOS BENEDITAS E ATÉ PAQUEVIRAS...
PRA QUE VIRAS?
PARAMOS EM QUALQUER BEIRA, POR QUALQUER RAZÃO,
OU TALVEZ ATÉ POR NADA.
O TEMPO, ESTANCA, ESTANCAMOS.
PASSADO E PRESENTE SE FUNDEM, AVIZINHAM VIDA.
TECEMOS POEMAS SOB MANGUEIRAS,
NOS BALANÇAMOS NO BALANÇO LARGADO,
NOS BALANÇAMOS NA VIDA.
MAS SABEMOS QUE TEREMOS UM ENORMIDADE
DE INSTANTES A SEREM VIVIDOS,
UMA ENORMIDADE DE CAMINHOS,
A SEREM PERCORRIDOS,
UMA ENORMIDADE DE AFETOS,
A SEREM CULTIVADOS,
UMA ENORMIDADE DE POEMAS,
A SEREM ESCRITOS.
A VOLTA SEMPRE É UM RECOMEÇO,
NUNCA O COMEÇO DO FIM.
AQUÍ ESTAMOS.
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