Minha mãe, nas poucas vezes em que pudemos conversar, me dava alguns conselhos definitivos, tais como: se um dia eu estivesse apaixonado por uma mulher e quisesse esquecê-la, eu deveria imaginá-la sentada no vaso sanitário com uma tremenda diarréia.
Confesso que deu resultado naqueles tempos de amor não correspondidos, mas levei um tempo para superar isso e não prejudicar outros relacionamentos posteriores, bem correspondidos, ao ficar imaginando a mesma cena com todas as outras mulheres que eu encontrei em minha vida.
Em alguns dos meus romances eu não precisei usar a técnica de minha mãe, pois algumas pretendentes ao meu coração, logo depois de uma refeição romântica, davam um sonoro arroto, daqueles de ruborizar vikings.
Outros conselhos que recebi de minha mãe foi com relação às drogas que, ao invés de termos um papo consciente alertando sobre os perigos do envolvimento com essas substâncias e das conseqüências nefastas tanto físicas, sociais, psicológicas, etc., ela simplesmente fuzilava: - Só o que me falta você estar fumando cocaína!
Na realidade esse comentário dela, direto e objetivo, não deixando margem para nenhuma réplica até que surtiu o efeito necessário, pois do meu lado, sempre que estive próximo de alguma droga, eu mesmo questionava a mim e aos outros: - É só o que falta!
Depois é que eu fui ver a visionária que era a minha mãe, ao prever que a cocaína fumada, chamada “crack”, seria o grande flagelo de nosso tempo.
Outra dica de minha mãe, ainda sobre mulheres (por que será que mãe adora alertar os filhos sobre mulheres? Será que elas sabem o que seus pobres e ingênuos meninos vão sofrer no futuro?) é que ela, ao constatar que eu era muito ansioso e apressado para conseguir as coisas, não sabendo esperar a hora certa, desta vez não previu e sim vaticinou, com uma praga típica de mãe:
- Quando você casar, meu filho, devido a essa sua pressa, sua mulher não pode usar calcinhas, pois você não sabe esperar!
Adivinhem!
O que a minha mulher poupa em calcinhas ela gasta em sapatos. Casei com uma centopéia das pernas arejadas.
Sérgio Lisboa.
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