Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Jovem é o verão
Flora Fernweh

Costumam as primeiras paixões veranear na margem de um rio calmo, à sombra de uma árvore frondosa em um dia quente que não ousa durar. A manhã nasce clara e inebriante, com um leve frescor que abrasa a pele tão jovial. É uma época breve, de brincadeiras, carícias e promessas. Quando o sol ruma para se posicionar a pino, a juventude já está nua e incendiada à espera de uma brisa abafada que simule os recantos inexplorados da intimidade. É o ardor das primeiras horas da tarde que desvirgina os meninos e meninas, transformando-os em homens e mulheres. O torpor da mocidade e a fúria violenta dos corpos queimando embevecidos colocam a juventude em uma estufa, plantando nos jovens o desejo da pujança eterna, que dura nas próximas horas até o farfalhar sereno que anuncia o crepúsculo. Por vezes, colhem-se os frutos da estação, resultantes da ardência que acomete a adolescência impetuosa, germinam crianças na terra fértil, que um dia viverão seus próprios verões. Inexato é o momento em que o desejo silencia, mas o anoitecer acalma os ânimos e racionaliza o instinto ao oferecer uma noite alegre. Quando o Sol excede em seus mormaços, a vida se irresigna e dá azo a um fim de tarde que clama pela chuva. O céu escurece e o vento rodopia soprando o último calor que acumulou para aquele dia presenteado pela natureza. Demora pouco para que a chuva torrencial encharque o solo, ela chega intensa e sem cerimônias. Este é o tempo de chorar, não pelo curso natural de um ciclo que cessará, mas pela saudade dos calorosos momentos vividos, é a lágrima do olho divino refletindo os fulgores da criação. Terminado o banho de chuva, o calor persiste, mas morno e afável. Talvez fosse possível vislumbrar um arco-íris neste momento, em aliança com a alma rejuvenescida, mas o Sol já se despediu e deu lugar a uma lua crescente, escondida por trás da neblina que não nos cega tanto quanto as estrelas, revelando-nos um sono manso para um dia seguinte mais ameno e outonal.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
Número de vezes que este texto foi lido: 61820


Outros títulos do mesmo autor

Cartas O amor é um salto para a eternidade Flora Fernweh
Crônicas Ao calor do incenso Flora Fernweh
Crônicas O problema do professor institucionalizado Flora Fernweh
Crônicas Sobre ser mulher Flora Fernweh
Sonetos Soneto dos dois anos de amor Flora Fernweh
Haicais Ampunheta Flora Fernweh
Crônicas Agora o ano começou Flora Fernweh
Crônicas Considerações sobre o Oscar 2025 Flora Fernweh
Crônicas Meu bloco na rua Flora Fernweh
Haicais Sextante Flora Fernweh

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 448.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
A LAGARTINHA E A ALIMENTAÇÃO - Andrea Gonçalves dos Santos 69364 Visitas
Agosto - Flora Fernweh 65808 Visitas
ARPOS - Abacre Restaurant Point of Sale 5 - Juliano 64712 Visitas
Jornada pela falha - José Raphael Daher 64294 Visitas
Os Dias - Luiz Edmundo Alves 64096 Visitas
MUNDO COLORIDO - Simone Viçoza 63991 Visitas
O Cônego ou Metafísica do Estilo - Machado de Assis 63944 Visitas
Insônia - Luiz Edmundo Alves 63826 Visitas
Ganhei Na Loteria! - J. Miguel 63819 Visitas
Viver! - Machado de Assis 63801 Visitas

Páginas: Próxima Última