Balada do Tempo... por um coração solitário
Em dias quentes de juventude
qual arvore viçosa abraça o céu em um único abraço
acolhestes no peito amores, paixões, todas as dores
sem de nenhuma delas fugir...
fracassos, transmutastes em trampolins para a vitória.
No outono, seduzida pelas falsas luzes do asfalto
confrontastes o existir à alienação de teus anos dourados
viveste sem viver, sentir, amar
a voz impessoal do mundo revelou teu espelho d’alma.
E no solstício do rigoroso inverno a acoitar teus dias
faixas escuras a apertar teu coração
lamentas a desolada solidão
nenhum amor para chamar de teu.
Queres retroceder...
Vestir o coração de doce amor
peito aberto, na chuva lavar a profundidade de tuas dores
replantar teu jardim e redecorar tua alma.
Mas, não podes. Teu tempo acabou. Tudo levou.
Nem pores de sol, mar, lua, nem suave brisa.
Ah, esse tempo! Foice implacável?
E quando teu corpo, agora gelado, desce à sepultura, sorris.
Já não há mais vazios, silêncios, nem dores.
Não há morte.
Arcanjo ou nuvem
voas nas asas da luz para além das estrelas
embalada nas notas musicais dos ventos da liberdade.
|