Um dia. . . plantei uma rosa!
Previ que seria formosa,
Como nunca dantes surgida.
Tempos em tempos, com paixão,
Tratei de cultivar o chão
Que haveria de lhe dar vida.
Suor e lágrimas a regaram;
Clamores de amor espantaram
As pragas e as aves daninhas.
O sol de meus olhos brilhava
E o meu coração se encantava
Com a mais bela das obras minhas!
Um dia. . . em plena alvorada,
Aquela jóia tão amada
Resolveu nascer para mira.
Que linda! Que pétalas puras!
Que maciez! Quantas canduras
Em seu corpinho de festim!
Parecia, enfim, que meu sonho,
Que já se mostrava tristonho,
Afinal se realizaria.
Teria só pra mim um bem,
Que ninguém, que mesmo ninguém,
Mais tarde de mim levaria.
Um dia. . . sem graça, sem jeito,
Cheguei-me a ela, com respeito,
E segurei-a com carinho;
Dor se fez em meu coração,
Pois minha, descuidada mão
Feriu-se num oculto espinho!
Três dias. . . três esparsas datas,
Três perturbações correlatas
Na minha vida penitente:
A esperança que não existe;
Uma felicidade triste;
E anos de pranto pela frente!!!
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