Quantas saudades de meus Domingos de Prata! Da breve fase cheia de felicidade,
Que marcou minha existência com densidade E pouco a pouco quer cair no esquecimento. Quando um sentimento é calcado na pureza,
Embora a mente o torne matéria extinguida, E semi-consciência teima
em dar-lhe vida,
E fá-lo sempre presente a qualquer momento. Eu me lembro então de meus Domingos de Prata! Das manhãs de missa, ao lado de Deus e dela; Unindo meus sonhos e contrições com os dela, Fazendo do amor-amizade nossa imagem. Recordo as matinês assistidas, bem juntos; Recordo as tardes de passeios na Avenida, Mãos-dadas, beijos-não-dados, paixão querida, Vendo o sol dar vez à lua em nossa homenagem! Minha mocidade! Meus Domingos de Prata! Relembro os bailes com nós dois em par-constante, Rosto-colado, olhos cerrados e o semblante Transformado em festiva efígie do prazer. E o fim da noite. . . os olhos dela ainda nos meus; E o seu sorriso ainda marcando sinfonia, E o boa-noite murmurado com alegria, Perpetuando a inocência do bem-querer. Nunca esquecerei os meus Domingos de Prata, Que foram tão poucos mas foram de amor puro. Meu coração ainda não se encontrava escuro, Tomado do sofrimento que aos seres mata. Quando ouço falar que um sentimento morreu, Me calo na fé de que o meu jamais foi morto. E passo os meus dias em jovial conforto, Lembrando os meus felizes Domingos de Prata!
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