De minha presença
Enchi os meus aposentos.
Do mundo lá fora me ausentei
Até segunda ordem.

Me isolei de fatídicos espelhos.
Mas dentro de mim, até agora,
Não sei se por ventura ou desventura,
Nenhum espelho se quebrou.

Até os jogadores de truco
Estão de quarentena e o bar fechou.
Mas tenho plena a convicção
De que blefe não dura para sempre.

Quem há de cultivar e cultuar
A solidão e o isolamento,
Sem sonhar com verdes campos
E jardins floridos ao Sol e ao Luar?

Quem do vento e da brisa,
Dos banhos de chuva e de suor,
Não há de sentir saudade?

A vida urge e se apressa a dizer
“Morre quem não vive! Viver é lutar!”
“A vida é apenas um leve sopro!”

Mas de minha presença
Enchi os meus aposentos.
Do mundo lá fora me ausentei
Até segunda ordem.

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