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ILUSÃO DESABITADA
Flora Fernweh

Tudo agora está tão fosco, tão estranho,
como se fechássemos um livro pesado antes de ler a primeira página.
Tudo voltou ao normal desesperado de outrora.
No tempo em que estava à sua procura, vivia feliz por desconhecer sua existência.
Me tiraste o prazer das horas vagas, o sossego e as palavras de minha garganta,
aprendeste a desnudar o meu espírito e a conhecer minhas intrigas.
Mas agora, que me revirou e desfrutou do caos dentro de mim,
não percebe que te busco no brilho de cada estrela que já morreu?
Te pergunto com esta voz cansada de não ter dito tudo o que eu devia,
como pode doer tanto aquilo que talvez nunca existiu?
Não responda com palavras simplórias,
fale-me através do vento, dos céus, das folhas e das águas salgadas.
Confesso que agora entendo o motivo das cinzas que cobrem com seu manto grisalho as antigas cores,
confundi a chama do amor, que flamejante e pouco abrupta, me pareceu, com as faíscas do incêndio selvagem que me acendeste.
Peço-te que não empilhe o que vivemos em um canto empoeirado, nem evoque-me nos momentos tristes ou felizes, e muito menos, que alimente as traças, guardando-me para a posteridade.
Quando aflorar o desejo da lembrança e a saudade branda ensurdecer-te, me procure nas palavras e no misterioso e infindável canto não-existente do mundo.
Eterno? Foi um dia.
Memórias? É tudo o que nos restou.





Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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