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Monstro
Davi de Souza Campos

"Sabe qual é o maior truque do Diabo? Fazer o mundo acreditar que ele não existe..." - autor desconhecido...

Lá estava eu, atravessando os corredores. Iria estar diante do assassino!
Durante três dias os noticiários focaram suas atenções no seu ato. Ele entrou em uma escola e matou 37 pessoas. Crianças, funcionários, vigilantes, tiveram suas vidas ceifadas por esse desgraçado.

Agora finalmente estarei frente a frente com ele, vou interrogá-lo. Preciso me esforçar para não chutar os seus dentes, quero vê-lo sofrer, mas por enquanto posso apenas interrogá-lo. O delegado, meus colegas polícias, imprensa, todos querem ouví-lo, tenho que ser a voz da multidão enraivecida...

Entro na sala, vejo seus olhos claros, seu rosto frio... meu coração pulsa mais rápido, preciso me acalmar...

- Enéias Lisboa! Esse não costuma ser um nome de um psicopata, não acha?Pergunto para ele... mas o silêncio é seu amigo...
- Por que matou aquelas pessoas? Eram inocentes! Não fizeram nada contigo, por quê? vejo sua expressão mudar... irei ouvir sua voz...
- Eles eram inocentes, eu sei... afirmou com sua frieza... e me chamo Kororo Lúcifer, afirmou o assassino...
- Kororo Lúcifer? Enfim... o que o faz matar? Diga! Fizeram algo contigo quando você era mais jovem?
- Não!
- As pessoas não nascem como monstros, elas se tornam. Diga a verdade! Começo a ficar mais bravo...
- Não! Você está errado, o monstro precisa ser despertado, mas se ele dorme, é porque existe em nós...
- Quem despertou seu monstro?
- Ele! Ele despertou e faça tudo por ordens dele...
- Ele quem?
- Você sabe quem...
Ele sorriu pela primeiro vez... e disse...

- Não me interesso por matar, se assim quisesse levaria explosivos para escola.
- O que te interessa então?
- Pelos momentos finais! Quando vejo seus olhos lacrimejando, seus corpos tremerem. Eles solução, clamam por piedade.
- Isso é doentio! Você é um monstro!
- Sou um monstro, mas não um doente. Veja amigo... baianos, gaúchos, cariocas, pernambucanos, africanos, europeus, índios, asiáticos, todos somos diferentes, contudo na morte, somos idênticos. Como você agora... está com medo...
- Cale a boca, seu merda! Eu vou colocá-lo na cadeira elétricas seu monte de merda!
- Hahaha! Gostei de você amigo... companheiro, eu apenas torno as pessoas irmãs, os aproximo uma das outras, torno-as idênticas. Sem preconceito, racismo, nada, nada...
- Você vai morrer em poucos dias e sua cruzada assassina vai junto...
- Amigo, monstros nascem todo dia. Ele os chamo, os convoca para sua missão. Posso morrer, mas outros monstros estão chegando...

Não aguentei! Eu iria matá-lo, mas sai da sala! Eu tremia, suava... e conseguia ouvir o seu longo sorriso...

Em duas semanas ele foi morto na cadeira elétrica. Os seus olhos estavam calmos, parecia não se importar com a morte. Porém o filho da mãe estava certo...

Eu não poderia fazer nada, outros chegariam, mais cedo, ou mais tarde.
Suas palavras entraram na minha cabeça, era como ouvir um monólogo do diabo em minha mente. Palavras essas me pertubavam...

Pedi demissão meses depois, não queria mais ver de perto outras situações do tipo. Até hoje essa frase me açoita, a frase da besta que contemplei com meus olhos, "posso morrer, mas outros monstros estão chegando".


Biografia:
Um nordestino, cristão, apaixonado e nerd.
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