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O Einstein do século XXI
(R.I.P Stephen Hawking)
Roberto Queiroz

"Ele foi, sem sombra de dúvidas, o maior nome da ciência dos últimos tempos" e "A mídia teria falado muito mais dele se ele pudesse andar com as próprias pernas, ao invés de preso a uma cadeira de rodas. Mas o problema é que o mundo jornalístico, acadêmico e científico é podre demais, hipócrita demais!".

As duas frases a seguir foram proferidas por dois colegas meus distintos, sobre o cientista Stephen Hawking, em períodos distantes e conversas diferentes e me deixaram na dúvida sobre como começar esse artigo sobre o grande gênio da física que nos deixou na última quarta-feira, aos 76 anos (mesma idade em que a minha avó paterna faleceu).

Dizer que Stephen Hawking foi um mestre no seu território - a física - é chover no molhado. Pergunte a qualquer estudioso da ciência ou leitor de seus livros e ele tecerá centenas, milhares de elogios, a esse homem grandioso que, infelizmente, foi vítima da esclerose lateral amiotrófica, que o acompanhou de perto a maior parte de sua vida.

Confesso: conheço pouco de sua obra. Só li o genial e imprescindível O universo numa casca de noz (que eu chamo de livro-universidade, pelo impressionante conteúdo, e por me transparecer ser mais relevante do que as aulas de muitos professores universitários do nosso país) e o extraordinário Buracos negros, na época em que o cineasta Christopher Nolan estava lançando o seu polêmico e engajado longa Interestellar. Eu sei, eu sei... Tenho que ler os outros. Estão na minha lista, que eu sempre brinco no meu grupo Baú de notas, no facebook, dos "1000 livros que eu tenho para ler antes que apareçam outros 1000". Uma hora ou outra eu vou ter que tirar eles da estante!

Eu prefiro acreditar que Hawking foi a intelectualidade que não se submeteu à dor e ao conformismo (ao invés de acreditar naquela história nefanda e corriqueira de um "cérebro brilhante preso a um corpo debilitado"). Não, senhor! Não Mr. Hawking.

Nos últimos anos ele veio se tornando uma figura popular, quase cult, por conta de suas aparições em programas de tv como a comédia The big bang theory (suas cenas ao lado do nerd Sheldon eram hilárias e bem sacadas, levando em conta sua situação locomotora) e por ter virado tema do filme A teoria de tudo, que rendeu um oscar ao ator Eddie Redmayne que o interpretou de forma entusiástica e monumental. Na verdade, o filme de James Marsh ajudou a popularizar a obra do cientista, tirando dele a pecha de intelecutal de difícil compreensão. E só por isso já valeu a intenção de hollywood em contar a sua história, pois fez com que jovens lessem sua obra.

Polêmico (chegou a dizer que a era humana no planeta terra estava próxima do fim!), direto (expressou-se abertamente sobre a eleição de Trump nos EUA e o Brexit, como "decisões raivosas de um mundo carente de líderes"), visionário (incentivava projetos científicos que objetivavam a busca de um nova vida fora da terra ou a procura de vida inteligente em outros planetas), irônico (fez de sua superação dos limites dia a dia uma forma de lidar com os problemas sem tanto rancor ou rabugice, sempre extraindo o melhor de cada situação). Assim, desse jeito, múltiplo, diverso, será a minha lembrança de Stephen Hawking.

Espero que sua partida nos faça enxergar, como sociedade, um novo caminho, um novo mundo, uma nova possibilidade de vida. Hawking acreditava num outro planeta, numa nova humanidade, não esta presa a valores arcaicos e a um desejo de regresso a um passado negro, que mais lembra a era das trevas do que a busca da felicidade, mas uma mais solidária, respeitosa. E isso vindo de um homem, para muitos, "preso a uma cadeira de rodas". Pois bem, detratores, haters, demagogos: eis aqui alguém, que diferentemente de vocês, não desistiu, não passou a vida acusando o próximo de alguma coisa, que arregaçou as mangas e foi à luta.

Precisamos de mais homens como Stephen Hawking no mundo. Homens de fibras que não desistem à primeira dificuldade ou queda. Porém, onde encontrá-los, num mundo tão polarizado e cheio de maldade midiática?

É preciso tentar. Nem que seja na marra.

Termino esta narrativa dizendo: se existe um elogio que mereça Hawking, então este é "ele foi o Einstein do século XXI". Não conheço uma outra figura no mundo da ciência que tenha feita tanto e tenha sido tão conhecido dentro e fora dos bancos acadêmicos como este senhor aqui.

Vai com Deus, mestre! (e espero sinceramente que, um dia, eu possa ler seus textos de novo, mesmo que em outro plano espiritual).


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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