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FOO FIGHTERS
Juarez Fragata

Um estreito riacho separava as terras dos meus pais das terras dos meus avós por parte de mãe. Seguidamente eu ia pousar na casa deles. Naquela época a energia elétrica ainda não havia chegado aos lugarejos da região, por isso, era usados lampiões a querosene ou então liquinhos a gás como iluminação.
Com o objetivo de ouvir o vô José contar histórias, depois do jantar, junto com os tios passava para a sala. Uma tia e dois tios eram um pouco mais velhos que eu, enquanto que uma tia era um pouco mais nova. Após sentarmos no assoalho o vô começava inicialmente a contar historinhas infantis, por exemplo, “Joãozinho e Maria”, entre outras. Uma vez terminado o repertório infantil o mesmo trazia a baila histórias de lugares mal-assombrados. Nestes lugares sempre havia escondido um cabedal. Encontrando-o, o lugar deixava de ser mal-assombrado. Esses causos me faziam tremer de medo, ao mesmo tempo em que aguçavam minha imaginação que, por sua vez despertavam em mim o desejo de querer ouvir mais e mais.
Para o caro leitor ter uma vaga ideia do que estou falando farei um resumo de um desses causos.
Num final de tarde um viajante a cavalo chegara a uma tapera. Apeara, desencilhara o potro, ajuntara lenha, entrara na habitação em ruínas, fizera um fogo, espetara um pedaço de carne, e colocara sobre o fogo para assá-la. De repente o mesmo começara ouvir uma voz:
-Eu vou cair. Eu vou cair!
Sem temor o viajante respondeu:
-Pode cair!
E caíra uma perna.
Não demorara, e a voz novamente começara ecoar:
-Eu vou cair. Eu vou cair!
O destemido viajante respondeu:
-Pode cair!
E caíra outra perna.
E assim os dois continuaram. Um dizia que ia cair, e o outro mandava cair. E caíram os braços, a cabeça, e o tronco de um homem. Depois de todos os membros se ligarem o sujeito se pôs em pé, colocara um sapo num espeto, e o pôs sobre o fogo. O problema é que o homem antes desmembrado a cada instante tentava encostar o sapo na carne do viajante. Esta ação importuna resultara numa ferrenha peleja de facão. Quando o homem do sapo se dera conta de que não poderia vencer o viajante, rendera-se, e lhe mostrara o lugar onde estava escondido um cabedal. E assim o viajante se tornara um homem rico.
Como eu disse antes, esses causos me faziam tremer de medo, ao mesmo tempo em que aguçavam minha imaginação que, por sua vez despertavam em mim o desejo de querer ouvir mais e mais.

Os causos do meu vô por parte de mãe eram fictícios, ao contrário daqueles relatados por meu pai e meus tios, ou seja, seus irmãos. O lugarejo onde os mesmos nasceram e se criaram chama-se Volta Vitória. O rio da Várzea, um afluente do rio Uruguai circunda quase todo o vilarejo. Supõe-se que o primeiro nome “Volta” seja decorrente desse fato.
Agora vamos conferir a possível origem do segundo nome “Vitória”.
Um dos moradores mais antigos afirmava que fora um combatente na “Revolução de 1923”. Para quem ainda não sabe esta revolução fora um movimento armado ocorrido no período de onze meses daquele ano, no estado do Rio Grande do Sul. De um lado lutaram os partidários de Borges de Medeiros (os Chimangos), que tinham como distinção o lenço de gaúcho ao pescoço na cor branca. Do outro os aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil (os Maragatos), que tinham como distinção o lenço gaúcho ao pescoço na cor vermelha.
De acordo com aquele ancião, às margens do rio fora travado mais de um combate entre os Chimangos e Maragatos, sendo que em todos os embates um só lado saíra vitorioso, e o mais antigo morador do lugarejo não faltava com a verdade, uma vez que, vez por outra se encontrava armas daquela época a beira do rio. Por isso, tudo leva a crer que o segundo nome do lugar tenha origem nestes combates, onde somente um dos lados saíra vitorioso, sendo chamado a partir de então de “Volta Vitória”.
Em Volta Vitória acontecia muitas coisas misteriosas. Entre elas as bolas de fogo que se deslocavam pelos ares de um perau para o outro.
Alguns afirmavam que era Boitatá, um termo tupi-guarani, usado para designar, em todo o Brasil, o fenômeno do fogo-fátuo, sendo que deste derivara algumas entidades míticas. Naquela região acreditava-se que um caso amoroso entre compadre e comadre dava origem ao Boitatá. Mas de acordo com os relatos não há como não pensar nos “Foo fighters”.
Fora durante a Segunda Guerra Mundial que surgira a expressão “Foo fighter” para descrever um fenômeno que consistia em uma ou mais esferas luminosas alaranjadas, avistadas por pilotos, em perseguição ou acompanhando os seus aviões.
Alguns entre o contingente de pilotos aliados acreditavam que fosse um tipo de arma psicológica criada pelos alemães com o intuito de atordoar e confundir os pilotos. No entanto, uma vez terminada a guerra, a hipótese de arma nazista fora descartada, visto que os “Foo fighters” também incomodavam os alemães.
O alto comando da Luftwaffe levara tão a sério este fenômeno que em 1944 criara a Base Especial Nr. 13. Este projeto secreto de investigações se ocultava sobre o nome de “Operação Uranus”, e tinha como objetivo recolher, avaliar e estudar os relatórios de observações dos pilotos sobre objetos voadores estranhos que apareciam perto dos aviões alemães.
Já um dos primeiros relatórios norte-americanos a respeito deste fenômeno, é datado de outubro de 1943, e relatara que, quando um B-17s (fortalezas-voadoras) estava voando sobre Schweinfurt, Alemanha, durante voos de bombardeio, dúzias de discos pequenos e prateados apareceram repentinamente. De acordo com um dos tripulantes de uma aeronave vira um dos discos atingir a cauda de um dos aviões, no entanto, não provocara nenhum dano na aeronave.
Inúmeras teorias foram criadas com o intuito de esclarecer este fenômeno, entre elas à de que eram aparições extraterrestres, na linguagem bíblica principados e potestades.

No interior os armazéns de secos e molhados são chamados de bodegas. Um de meus tios conta que, certa feita, um conhecido se embebedara ao ponto de não mais conseguir tomar o rumo de casa. Por isso, o tio se prontificara a levá-lo até sua moradia. À noite a algum tempo imperava. Como ainda não havia chegado à energia elétrica no lugarejo, a lua e as estrelas serviam de luzeiros para quem se atrevia andar durante a noite. Veículos naquelas estradas de chão somente eram vistos a cada três, quatro meses, e olhe lá. Quem predominava naqueles caminhos eram as carroças puxadas por juntas de bois, e pedestres. Em todos os percursos as macegas ganhavam destaque no centro das estradas. De acordo com o tio Agenor, numa certa altura do caminho, o sujeito embriagado começara a proferir todos os tipos de palavras que tinham relações com coisas satânicas, e de repente saíra do barranco da estrada, a um, dois metros deles, uma bola de fogo que entrara num perau que ficava logo adiante. O interessante é que o mesmo afirma que esta bola de fogo tinha asas, ou seja, o objeto estranho fizera o trajeto voando. É claro que o mesmo fora tomado pelo medo, e fizera uma associação com as palavras do bêbado. Particularmente eu acredito que as blasfêmias proferidas pelo sujeito embriagado não foram as responsáveis por aquela aparição, uma vez que era comum ver esta espécie de fenômeno nos ares de Volta Vitória. O meu tio fora o primeiro, e talvez o único a ver uma destas bolas de fogo de perto, uma vez que o homem embriagado estava completamente incapacitado de ver alguma coisa, e constatar que elas tinham asas, coisa que era impossível de perceber quando se deslocavam pelos ares a certa altura.
Para mim este fenômeno, entre outros, que aconteciam em Volta Vitória tinha ligação com os “Foo fighters”.






Biografia:
Evangelista e músico! Livros publicados mediante demanda:Mecânica Quântica e a Bíblia, As Pedras Grandes e Benai Elohim e Nephilim
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