Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Olhos de Vapor
Gladyston costa

Resumo:
A madrugada em sampa, a luz, o vapor e a acidez da noite.

Olhos de vapor

São Paulo, mês seis, já não é mais outono, a madrugada é fria. É inverno, e em meio ao som agudo de sirenes e latidos a janela do decimo andar se abre para o caos, para paredes perfiladas, o horizonte é curto. A retina absorve a luz opaca que dissipa na neblina, vermelha a conjuntiva reclama da noite de pouco sono. Há reflexos de uma luz fria em meio ao vapor que inunda o ar, é densa e desfalecente, vem dos postes e das salas de estar empilhadas como caixotes. Como que proveniente de vagalumes cambaleantes a luz emana, foge e busca o espaço oprimido de névoa e concreto vertical. A luz densa procura flutuar pela madrugada, mas se revela quase morta, é uma quase não luz de tão pouco brilho. Suas partículas, quase sem pulso, tem peso de chumbo e se vestem de enxofre, tem ar de fumaça e se propaga em ondas frágeis. É uma quase não luz, é um sopro de energia que se perde contra a névoa densa e tóxica. Seus reflexos se agrupam em movimentos contrários à sua sede por espaço, e se prendem em feixes de energia, roubados pela insensatez da metrópole. A luz que emana dos postes e janelas chega torpe à retina, são gritos mudos, são gotas de orvalho de mercúrio e enxofre, de tão denso não se espalha no ar. A noite é de frio polar, a cidade é de celas solitárias com suas imensas paredes verticais, de cimento e ferro, de janelas sem expressão. A névoa que absorve a paisagem é cinza como metal, é pesada, é tóxica como chumbo e mercúrio. Os olhos que buscam o horizonte se vêem aprisionados, por entre o vapor da madrugada, e não alcançam o espaço para além da luz roubada.

Gladyston Costa


Biografia:
-
Número de vezes que este texto foi lido: 61653


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Porco tem alma? Gladyston costa
Poesias LUA E CIDADE Gladyston costa
Poesias MINHA QUERIDA DAMA DA NOITE Gladyston costa
Poesias Sobre a noite e a ciência Gladyston costa
Poesias Flor de Arueira Gladyston costa
Poesias Paredes Gladyston costa
Poesias Acidez e Mariposas Gladyston costa
Poesias "Reluzente " Gladyston costa

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 41 até 48 de um total de 48.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Each Moment - Kelen Cristine N Pinto 62389 Visitas
- Ivone Boechat 62386 Visitas
Linda Mulher - valmir viana 62386 Visitas
Jogada de menino - Ana Maria de Souza Mello 62378 Visitas
Árvore - valmir viana 62372 Visitas
A RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E ARTE, CULTURA E NÃO-CULTURA - ELVAIR GROSSI 62368 Visitas
Um conto instrumental - valmir viana 62367 Visitas
Oh,filhos deste dia - Kelen Cristine N Pinto 62367 Visitas
Poema para um mortal. - Poeta do Amor 62363 Visitas
Soneto Sofrido - Poeta do Amor 62358 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última