| AFRICANAVIAL |
| BENEDITO JOSÉ CARDOSO |
|
O escravo africano viajou
E aportou seu navio negreiro
Desceu aqui para plantar.
No solo brasileiro
Viu o caule dela brotar.
O capim perenial
O negro escravo viu nascer.
Planta no canavial
Semeou para crescer.
Vinda lá do estrangeiro
Saborosa e arraigada
Nesta terra cultivada
no campo fez o florescer.
Na moagem da moenda
Trouxe a dor e o capital.
Desfolhada e lavada
Era forma a usual.
O suco, esverdeada,
Africanavial
Cana-de-açúcar
Conhecido por garapa.
Jorrava ao natural
Mel melado a fervilhar;
Sobre o fogo da fornalha
O vapor da azulada.
Na pele escura e maltratada
Caia tão ardente
Na dor da ferida aberta
Pingava e curava
Para o negro se alegrar
Bebia da bebida sagrada
A marvada aguardente
|
Biografia: "As obras do artista só têm valor, quando consegue atingir a sensibilidade daqueles que entendem" |
| Número de vezes que este texto foi lido: 63932 |
Outros títulos do mesmo autor
Publicações de número 1 até 10 de um total de 170.
|