Retrovisores |
Widralino |
Esses olhos
Cheios de nada
São binóculos da carne
Miram corações frios
E quando fechados
Têm o campo de visão mais aberto
Vêem imprevistos
Não se surpreendem mais
Não são vermelhos
São pretos e aguçados
Mas andam banhados de sangue
Bolor e ruína
Empoeirados de tanto usados
Ainda enchergam ao longe
Montanhas e mares secos
O aterrar dos céus
O inexistente
Esses olhos que me doem
Conhecem o invisível
E fazem-me viver com medo
De tudo aquilo que vejo sem ver
Um dia acontecer.
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Biografia: Sou um guardião do alheio, procuro por mim mesmo desde sempre... |
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