¨Você, não pode se livrar de mim...¨- disse com uma voz calma e tranquila.
Ele estava com raiva, como deixou tudo aquilo de novo chegar nesse ponto, ainda mais depois de tudo que passou por causa, daquela ¨coisa¨, que de novo lá estava.
¨Você não entendeu né? Sem perceber, você me chama. Você não escuta ninguém, e desconfia de todo mundo. Têm raiva do seu passado, e das pessoas que você “acha” que te abandonaram”.
-Vai se foder!!! ele grita alto. Sentindo um leve tremor, que reconhece, como sendo o antigo desejo, obsessivo e compulsivo que sempre tem perto daquilo.
“Ahhhh!!! e esse orgulho, continua aí, posso sentir daqui. tão saboroso e delicioso, você consegue me excitar com isso ainda sabia?”
Ele soca a parede, imediatamente a dor vem, aguda e intensa, apesar de achar que quebrou seu dedo médio, a dor é boa e bem-vinda faz aquela “coisa” sumir, por um breve momento.
“Achar que podia namorar de novo? Ainda mais aquele tipo de mulher, você tem 40 anos e não aprendeu ainda a diferença entre uma boa foda e de uma companheira que vai muito além disso. Ai a biscate te rouba, e você quer matar ela? Você é louco cara, e com certeza eu sou o menor dos seus problemas, pois eu só apareço depois que você jogou merda no ventilador, ou não?¨.
Ele ri, durante um bom tempo, uma risada sarcástica, que parece que não vai terminar nunca. -”que bosta!” balbucia para si, sente que não têm muito tempo.
“Você sabe que, tudo começou, nisso né, mulheres e dinheiro, você nunca soube lidar com nenhum dos dois, ainda bem que você insiste, assim vamos continuar juntos, até o final. Está na hora não resista, venha para meu abraço”.
Ele olha para o quarto destruído, é de madruga, está sozinho, perdeu o emprego, no colchão a sua frente se encontra o pacote de cocaína, que comprou com o que tinha sobrado de seu dinheiro, e do lado sua pistola automática, que com muito custo não vendeu, pois era seu bem mais precioso.
Ele era um dependente químico(na clínica aprendeu que tinha uma doença chamada adicção…), lutou boa parte da vida contra isso. e lá estava de novo no mesmo fundo de poço.
Suspirou. “Falando sozinho de novo, agora fritou de vez os neurônios”-pensou.
Mas dessa vez algo estava diferente, no canto escuro do quarto, começou a escutar uma respiração, profunda, que lentamente se transformou num rosnado baixo, e contínuo.
-Merda, tô louco mesmo, e nem usei droga, caralho!!! -falou para si.
Olhos amarelos, do nada, apareceram na escuridão e olhavam fixamente para ele.
Encarou a droga e a arma a sua frente, o que quer que estive naquele canto, falou:
-Você só tem uma saída.- em seguida a coisa começou a se movimentar na direção dele, dentes brancos e pontiagudos, apareceram.
Seus pelos eriçaram, o coração acelerada, não deixava ele pensar.-¨Que porra é essa? Alucinação, ou o que?
o celular no bolso não adiantava nada, olhou para a droga, poderia usar, e quem sabe, aquilo não sumia, e ele teria a força para reconstruir o que perdeu, pensou.
-Não!!!- gritou forte, por um breve momento sentiu o cheiro podre da “coisa”, perto de si, mas antes de qualquer coisa, pegou a arma e num movimento rápido, deu um tiro em sua própria cabeça.
Esse tiro ecoou por um breve momento na noite frio, e o esquecimento definitivamente o abraçou.
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