Mil mundos
Eu andarei
Em meio à multidão,
Terrenos que perdi
Em coisas por fazer
E pessoas por encontrar.
O que pode acontecer
Sem sua inquietação,
Demora de esperar,
Mistura-se sutil
Na parte exterior,
A arte interior
De quebrar o coração,
Mil mundos eu andarei.
E mesmo imundo eu andarei.
E mesmo nu eu andarei.
E mesmo sem querer eu andarei
A minha inquietação
De ser como estou
E de estar como nada.
Têm donos o suor
Do medo a piorar,
Contrário há tanto dia
Que pode acontecer,
Há mesmo convicção
Naquilo que não é.
Procura se distanciar
Da fera da solidão,
Irmã no dia-a-dia,
Nem pensa como ser:
Mas pede o coração
A ao menos
Um de seus
Irmãos sem perceber.
Memória de esperar
Até que sem saber,
Que o pano se fechou
Na noite tumular,
Meus braços
Já estão
Sozinhos, apesar
Do homem não saber
A aguda sensação
Por último,
Ou um céu
Por hoje ou amanhã,
Lembra-se de que uma vez
Me deixa sem razão
A vida interior:
Mais não permitirei
Que venha ao coração
A simples percussão,
Do único a cair
Deixando-se cair.
— Se tentas levantar
Ao flanco como quem
Ao som da traição
À toa levantou
Afrente a enfrentar
Seus braços e, então,
Daquilo que se faz
(Naquilo que não é)
Num sonho se passou
Inteiras gerações
De ti a explodir
Sem uma direção
No peito do herói
Acima dos seus pés.
No peito, corrói,
A cisma de que és,
Menos que os peixes e
Menos tem os peixes
Que supor que água seja ar.
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