- Odeio as pessoas! Todos eles!
Repito isso tantas vezes. Já nem digo, apenas falo. No início havia o êxtase em confessar isso ao mundo, havia também o sentimento de fidelidade aos meus princípios. Continuo odiando todos. Cada um. Amo a humanidade, porém, as pessoas, separadas, são, cada um, mundinhos mergulhados em nada. Se olho de um em um, detesto cada. Mas no geral, quero somente o melhor para eles. Desejo tanto isso que acabo por odiá-los, porque sei que suas vidas somente passarão. Mas será mesmo que se eles fossem, cada um, mundinhos incríveis, eu os amaria em individual e ainda mais como um todo? Provavelmente não. Sentiria inveja deles, colocar-me-ia menor do que já me ponho.
Desprezo é o que sinto por cada um, mas como me dói, como! Saber que eles também me odeiam. Faze-los me odiar está dentro dos meus princípios, bem sei. Pois com cada gesto meu, tão sugestivo de desprezo por cada um, não haveria como eles me quererem bem. Não há outro jeito de ser fiel a mim sem ser detestável pelo resto. Meu único conforto, no meio de todo esse ódio e das falas e gestos de desprezo, é saber que eu conheci a mim mesma. Não me corrompi.
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