Antes de ti eu era gleba de terra com desnível
Primo-irmão da megera solidão
Antes de ti tinha pesadelos com um monstro horrível...

Acordava suado e gemendo e pedia por piedade
Cunhado da tristeza e repentino adoidado
Me amasiei com a mentira e repudiei a verdade...

Fiz como jagunço a balear desejos inconfessáveis
Dancei de braços com o Diabo e ri de bebida e carne
Até que o cansaço tomou-me nos braços maleáveis...

Antes de ti foi um tempo que sepulto agora e para sempre
Enterro e o suor derramado há de secar ao sol da esperança
Que me toma como roupa dada a um miserável indigente...

Antes de ti havia a vida que se diz nos laboratórios em vidros
Antes de ti somei o tempo e fiz da eternidade a eletricidade
Antes de ti tomei barbitúricos e domei e perdi os sentidos...

Antes de ti não havia este agora que suscita permanecer vivo
Este coração e o resto todo que o cobre como nuvem de polígonos
Pois antes de ti não haveria porque pensar em viver e morrer contigo...

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